ATA DA CENTÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
17-11-2005.
Aos dezessete dias do mês de novembro do ano de dois
mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, João
Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Manuela d'Ávila, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Raul Carrion e Sofia
Cavedon. Constatada
a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu
Brasinha, Alex da Banca, Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, Elias Vidal,
Ervino Besson, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, Luiz Braz, Márcio Bins Ely,
Margarete Moraes, Maria Luiza, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício
Dziedricki, Mônica Leal, Professor Garcia, Sebastião Melo e Valdir Caetano. À MESA, foi encaminhado,
pelo Vereador Alceu Brasinha, o Projeto de Lei do Legislativo nº 280/05
(Processo nº 5927/05). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 413/05, encaminhando o Projeto de Lei
do Executivo nº 031/05 (Processo nº 6765/05); de nº 414/05, encaminhando cópia
da previsão de gastos relativa à criação do Tribunal Administrativo do Contencioso
Tributário, constante no Projeto de Lei do Executivo nº 026/05 e no Plano
Plurianual do Município para o quadriênio de dois mil e seis a dois mil e nove;
de nº 415/05, encaminhando Mensagem Retificativa ao Projeto de Lei do Executivo
nº 026/05 (Processo nº 6101/01). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos
10653591, 10653643 e 10653669/05, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde. Após, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores Pedro Gus, Secretário
Municipal da Saúde; Cézar Augusto Busatto, Secretário Municipal de Coordenação
Política e Governança Local; Carlos Teodósio da Ros, Túlio Meyer Graziottin e
Rogério Amoretti, respectivamente Presidente e Vice-Presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia – Seccional do Rio Grande do Sul e Diretor Técnico do
Grupo Hospitalar Conceição, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos
trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Carlos Teodósio
da Ros, que registrou o transcurso, hoje, do Dia Nacional de Combate ao Câncer
de Próstata e o início da Semana Municipal de Prevenção e Combate ao Câncer de
Próstata, a se estender até o dia dois de dezembro do corrente, abordando
fatores de risco e sintomas dessa doença. Nesse sentido, ressaltou a
necessidade de exames preventivos periódicos para que seja viabilizado o
diagnóstico precoce do câncer e garantidas maiores possibilidades de cura. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Raul Carrion,
Claudio Sebenelo, Nereu D’Avila, Aldacir Oliboni, José Ismael Heinen, João
Antonio Dib e Ibsen Pinheiro manifestaram-se acerca do assunto tratado durante
a Tribuna Popular. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Senhor Pedro Gus, que chamou a atenção para a importância de iniciativas que
esclareçam e conscientizem os cidadãos quanto aos problemas inerentes ao câncer
de próstata, tendo em vista ser essa uma doença de elevados índices de
incidência e mortalidade junto à população masculina mundial. Às quatorze horas
e quarenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quatorze horas e quarenta e dois minutos, constatada a existência
de quórum. A
seguir, o Senhor Presidente registrou a presença das Senhoras Eliana Azeredo,
Soraia Iessim e Luciana Morales, respectivamente Diretora Geral e Gerentes de
Atendimento da empresa Capacitá Eventos, convidando-as a integrarem a Mesa dos
trabalhos e informando que Suas Senhorias se encontram na Casa para homenagem
aos dez anos de fundação dessa empresa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D’Avila
analisou o papel representado pelo setor de serviços no desenvolvimento
econômico e cultural de uma cidade, como responsável pela geração de empregos e
como elemento de distribuição mais igualitária de renda. Ainda, afirmou que a
empresa Capacitá Eventos, em seus dez anos de existência, alcançou a confiança
dos porto-alegrenses, posicionando-se no mercado como referencial de bom
atendimento e busca permanente de qualificação profissional. O Vereador João
Antonio Dib homenageou a diretoria e os funcionários da empresa Capacitá
Eventos, debatendo dificuldades enfrentadas pelos pequenos e médios empreendimentos
na busca pela sobrevivência em meio ao sistema econômico vigente no País.
Igualmente, asseverou que a atuação do grupo hoje homenageado, na organização
de festividades, seminários e congressos, contribuiu decisivamente para
viabilizar ações que fortaleceram o crescimento de Porto Alegre. Após, o Senhor
Presidente convidou o Vereador Nereu D’Avila a proceder à entrega de Diploma
alusivo ao evento à Senhora Eliana Azeredo, concedendo a palavra a Sua Senhoria,
que, como Diretora-Geral
da empresa Capacitá Eventos, agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo. Às quatorze
horas e cinqüenta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a
existência de quórum. A seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, tendo o Senhor Presidente
informado que, durante esse período, seria realizada homenagem ao transcurso do
sexagésimo aniversário do Kennel Club do Rio Grande do Sul. Compuseram a Mesa:
o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; os
Senhores Luiz Carlos Zindulis e Oscar José Plentz Neto, respectivamente Presidente
e Vice-Presidente do Kennel Club do Rio Grande do Sul; e a Senhora Leila
Rebelo, Presidenta da Federação Cinológica do Rio Grande do Sul. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador Nereu D’Avila historiou a fundação do Kennel Club do Rio Grande do Sul, em mil
novecentos e quarenta e cinco, declarando que essa entidade conta com mais de
mil associados e possui uma infra-estrutura para exposições reconhecida
internacionalmente. Finalizando, avaliou a Lei Estadual nº 12.353/05, que dispõe sobre a posse de cães
das raças American Pit Bull Terrier, Fila, Rottweiler, Dobermann, Bull Terrier,
Dogo Argentino e outras afins. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Nereu D’Avila a proceder
à entrega de Diploma alusivo ao evento ao Senhor Luiz Carlos Zindulis, concedendo a
palavra a Sua Senhoria, que, como Presidente do Kennel Club do Rio Grande do Sul, agradeceu a homenagem hoje
prestada por este Legislativo. Às quinze horas e doze minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e treze
minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora
Manuela d’Ávila criticou a política seguida pelos Estados Unidos da América com
relação à presença de soldados desse país no Iraque, comentando informações
divulgadas hoje pela imprensa, acerca do uso de armas químicas e práticas de
tortura contra a população iraquiana. Ainda, propugnou pela rejeição do Projeto
de Lei do Executivo nº 023/05, relativo à política salarial dos servidores do
Município, a ser apreciado por este Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a
Vereadora Sofia Cavedon registrou o posicionamento da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, contrário ao Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, frisando que
esse Projeto, caso seja aprovado, terá conseqüências prejudiciais aos
municipários. Sobre o assunto, citou compromisso assumido pelo Prefeito José
Fogaça durante a campanha eleitoral de dois mil e quatro, de manutenção do
reajuste bimestral para os servidores públicos de Porto Alegre. O Vereador Raul
Carrion convidou a todos para ações de combate ao câncer de próstata a
ocorrerem na Cidade neste mês e para o lançamento do filme “Araguaia, a
Conspiração do Silêncio”, hoje, no Auditório Dante Barone. Também, saudou
concurso a ser promovido pelo Ministério da Cultura, para construção de
Monumento e Memorial aos Lanceiros Negros, e apoiou campanha da Federação do
Comércio do Rio Grande do Sul, pela revogação do artigo 6º da Lei Federal nº
10.101/00. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi
aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Elói Guimarães, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em prosseguimento,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado
Requerimento verbal de autoria do Vereador Elói Guimarães, solicitando alteração na ordem de apreciação
da matéria constante na Ordem do Dia, tendo se manifestado a respeito o Vereador
Mario Fraga. Na
ocasião, em face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores
Ibsen Pinheiro, Haroldo de Souza e Paulo Odone, o Senhor Presidente prestou
informações acerca do teor do Requerimento nº 239/05, de autoria da Vereadora Sofia
Cavedon. Após, foi rejeitado o Requerimento nº 239/05 (Processo nº 5958/05 – Requer
seja oficiado ao Executivo Municipal que esta Casa recomenda a retirada de
tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 023/05), de autoria da Vereadora
Sofia Cavedon, por onze votos SIM, dezenove votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Sofia Cavedon, Maristela Maffei, João
Antonio Dib, Adeli Sell e Manuela d'Ávila, em votação nominal solicitada pelo
Vereador Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir
Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto, Haroldo de Souza, Manuela
d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e
Sofia Cavedon, Não os Vereadores Alceu Brasinha, Alex da Banca, Claudio
Sebenelo, Ervino Besson, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen,
Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga, Maurício Dziedricki,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor Garcia,
Sebastião Melo e Valdir Caetano e tendo optado pela Abstenção o Vereador João
Antonio Dib. Após, foi apregoada a Emenda nº 03, aposta ao Projeto de Lei do Executivo
nº 023/05 (Processo nº 5866/05), proposta pelo Vereador João Antonio Dib e
assinada pelos Vereadores Luiz Braz, Sebastião Melo, Maurício Dziedricki e
Valdir Caetano, Líderes, respectivamente, do PSDB, PMDB, PTB e PL; Mário Fraga
e Paulo Odone, Vice-Líderes, respectivamente, do PDT e PPS; e Elói Guimarães.
Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº
023/05, com ressalva da Mensagem Retificativa e das Emendas a ele apostas, por
vinte e quatro votos SIM e nove votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores
Sofia Cavedon, Margarete Moraes, Sebastião Melo, Maria Celeste, Raul Carrion,
Aldacir Oliboni, Adeli Sell, Carlos Comassetto, Manuela d'Ávila, João Antonio
Dib, Professor Garcia e Elias Vidal e encaminhado à votação pelas Vereadoras
Sofia Cavedon e Maristela Maffei e pelo Vereador Raul Carrion, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores
Alceu Brasinha, Alex da Banca, Claudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario
Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila,
Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor Garcia, Sebastião Melo e Valdir Caetano
e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Manuela
d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e
Sofia Cavedon. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, a
Vereadora Maristela Maffei e os Vereadores Ibsen Pinheiro e Nereu D'Avila
cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Raul Carrion,
Sebastião Melo e Professor Garcia. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos
das dezesseis horas e trinta e quatro minutos às dezesseis horas e trinta e
cinco minutos e das dezessete horas e quarenta e dois minutos às dezessete
horas e quarenta e três minutos, nos termos regimentais. Também, o Senhor
Presidente registrou a presença do Senhor Ricardo Franzoi, Diretor do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE. Ainda, o
Vereador Sebastião Melo manifestou-se acerca da possibilidade de substituição
do Vereador Bernardino Vendruscolo, em virtude de Sua Excelência ter passado
mal e ter sido hospitalizado durante a presente Sessão, tendo o Senhor
Presidente prestado informações acerca do assunto. Na oportunidade, o Vereador
Paulo Odone manifestou-se a respeito do processo de votação do Projeto de Lei
do Executivo nº 023/05, tendo a Vereadora Maria Celeste questionado a
legitimidade dessa intervenção. Após, foi aprovada a Mensagem Retificativa ao
Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, por vinte e quatro votos SIM, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Elói Guimarães, tendo votado os Vereadores
Alceu Brasinha, Alex da Banca, Claudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario
Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila,
Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor Garcia, Sebastião Melo e Valdir
Caetano. Foi rejeitada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº
023/05, por nove votos SIM e vinte e um votos NÃO, após ser encaminhada à
votação pelas Vereadoras Margarete Moraes e Manuela d'Ávila, em votação nominal
solicitada pelo Vereador Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Adeli
Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes,
Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os
Vereadores Alceu Brasinha, Alex da Banca, Claudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel,
José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga,
Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone,
Professor Garcia e Sebastião Melo. Foi rejeitada a Emenda nº 02 aposta ao
Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, por nove votos SIM e vinte e três votos
NÃO, após ser encaminhada à votação pelo Vereador Raul Carrion e pela Vereadora
Maria Celeste, em votação nominal solicitada pelo Vereador Elói Guimarães,
tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto,
Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul
Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Alceu Brasinha, Alex da Banca,
Claudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza,
Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Luiz
Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício
Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor
Garcia e Sebastião Melo. Foi aprovada a Emenda nº 03 aposta ao Projeto de Lei
do Executivo nº 023/05, por vinte e quatro votos SIM, em votação nominal
solicitada pelo Vereador Elói Guimarães, tendo votado os Vereadores Alceu
Brasinha, Alex da Banca, Claudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel,
José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga,
Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza
Canabarro, Paulo Odone, Professor Garcia, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Às
dezoito horas e trinta e seis minutos, o Senhor Presidente informou que nada
mais havia a tratar e encerrou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária
da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu,
Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
O Sr. Carlos Teodósio da
Ros, representando a Sociedade Brasileira de Urologia/RS, está com a palavra
para tratar de assunto relativo à saúde do homem e ao lançamento da Semana
Municipal de Combate ao Câncer de Próstata, pelo tempo regimental de 10
minutos.
Convidamos a fazer parte
da Mesa o Dr. Carlos Teodósio da Ros, Presidente da Sociedade Brasileira de
Urologia/RS; Dr. Pedro Gus, Secretário Municipal da Saúde; Deputado Cézar
Busatto, Secretário Municipal de Coordenação Política e Governança Local; Dr.
Túlio Graziottin, Vice-Presidente da Sociedade de Urologia do Rio Grande do
Sul; Dr. Rogério Amoretti, Diretor-Técnico do Grupo Hospitalar Conceição.
(É feita projeção de
imagens.)
O SR. CARLOS TEODÓSIO DA ROS: Boa-tarde a todos. Eu queria agradecer a
oportunidade de a Sociedade Brasileira de Urologia, seccional Rio Grande do
Sul, estar representada aqui hoje. Recebemos esta oportunidade de poder falar
sobre um assunto tão importante que é o câncer de próstata. Hoje é o lançamento
do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata e, aqui, localmente, da Semana
de Combate ao Câncer de Próstata.
A
idéia de fazer um alerta sobre uma patologia tão importante como o câncer de
próstata teve início no ano passado, em nível nacional, e está sendo repetida
este ano, mas de uma maneira um tanto mais intensa, com maior divulgação.
A
população mundial está crescendo, não há dúvida; há uma série de estudos que
mostram isso. Em 1945, havia mais ou menos dois bilhões e meio de pessoas no
mundo, e a projeção para 2050, isto é, cem anos depois, é de mais de dez
bilhões de pessoas. A população também está envelhecendo; a quantidade de
jovens diminui, enquanto a população de adultos está aumentando. Isso também
acontece no Brasil. Nós vemos que há um paulatino decréscimo de jovens, um
aumento da população adulta e também um aumento da população idosa. E o
envelhecimento faz com que aumentem os fatores de risco para certas doenças,
entre elas o câncer de próstata.
O
câncer de próstata é o tumor maligno mais freqüente no sexo masculino. Os dados
nacionais prevêem uma prevalência de mais de 46 mil casos novos somente no ano
de 2005. Isso representa 51 casos para cada cem mil habitantes, ou um caso em
cada seis homens com mais de 45 anos. Isso é um dado bastante alarmante que
deve ficar na cabeça das pessoas. E também o câncer de próstata é a segunda
maior causa de mortes causada por câncer. Isso significa que, no ano de 2005,
se espera que haja mais ou menos oito mil mortes causadas especificamente pelo
câncer de próstata, equivale a um óbito a cada 66 minutos. Os dados regionais,
em nível de Rio Grande do Sul, mostram que, para o ano de 2005, são mais ou menos
4.400 casos novos de câncer de próstata e, em nível de Porto Alegre, em torno
de 730.
Os
fatores de risco, como eu já falei, são: o envelhecimento, pacientes homens com
mais de 50 anos vão ter uma maior incidência e também maior mortalidade; e
existe a história familiar. Quando há na família, não interessa se no lado
materno ou no lado paterno, história do câncer de próstata, a probabilidade
pode aumentar em dez vezes, tudo dependendo da proximidade, do número de
indivíduos que tenham diagnóstico e tudo mais.
No
que diz respeito à dieta, parece que há um risco aumentado quando as populações
fazem uso abundante de gordura animal, e parece que o risco é diminuído quando
a dieta é rica em fibras, em verduras, em cereais e grãos. Quanto à obesidade,
hoje se sabe que ela é um importante fator de risco para desenvolvimento de
câncer de próstata, e, nos indivíduos obesos, o câncer normalmente é bem mais
agressivo.
O
grande problema refere-se aos sintomas, porque, na fase inicial, na verdade,
não há nenhum tipo de sintoma. Mais tardiamente podem ocorrer sangramentos,
pode haver obstrução urinária, dor, inclusive fraturas ósseas, já determinadas,
então, pelas metástases, pelas ramificações do tumor.
O
diagnóstico se faz através do binômio: toque retal e um exame de sangue chamado
Antígeno Prostático Específico, cuja sigla é PSA. É muito importante fazer a
associação entre os dois, porque 50% dos tumores são impalpáveis; então, o que
complementa o diagnóstico é o toque retal. Por outro lado, 25% dos pacientes que
têm câncer de próstata têm o PSA normal. Então, não se pode afastar a hipótese
de um câncer de próstata baseado apenas em uma das duas opções diagnósticas. O
toque retal detecta mais ou menos 15% a 20% dos tumores. Quando o exame de
sangue é normal, ele serve para identificar tamanho e localização dos nódulos
que são sugestivos de tumor. Ele dá uma idéia de volume, não tem custo
adicional e certamente não vai se alterar nos próximos anos. Isso significa que
ele vai continuar sendo um exame “mandatório” para o diagnóstico do câncer de
próstata.
No
PSA não se usa mais o limite de 4, como a gente vê ainda em resultados de
laboratórios, até os kits de
laboratório usam isso; a Urologia já não aceita mais esse valor, que baixou
para 2,5. E a evolução do PSA também é uma coisa importante. Então, não adianta
fazer um PSA hoje e daqui a cinco anos, porque, se a variabilidade for maior ou
próxima a um no período de um ano, isso também é indicativo de tumor. Então,
também é importante que se faça o diagnóstico. E a ecografia transretal, que é
preconizada por alguns, serve para se fazer a biópsia, quando houver alguma
suspeita pelo exame de sangue ou pelo toque retal.
Por
que é importante fazer o rastreamento para câncer de próstata? Porque isso é um
importante problema de saúde, porque é uma neoplasia, é um câncer extremamente
freqüente, é uma importante causa de morte em adultos. Mais da metade dos
cânceres de próstata são diagnosticados de forma disseminada, já perderam a
chance de cura. E os tumores disseminados não são curados. Eles até podem ser
controlados, mas não se fala mais em cura.
Como
se pode fazer prevenção? Nos fatores de risco tipo idade, raça, história
familiar não há como mexer; são fatores não-modificáveis, mas o que dá para se
modificar é a dieta, é o estilo de vida, e existem alguns estudos - têm que ser
de longa duração -, fazendo uso de alguns medicamentos que podem, num futuro
próximo, nos trazer algum benefício em relação à prevenção de câncer.
Isso
é muito interessante, há um escrito de Thelma Prado Moraes, publicado no ano
passado, que diz: “Envelhecer é o prazer de poder sentar-se na biblioteca da
vida, tomar um chá de saudade e verificar que o volume mais precioso ali
existente registra a vida da própria pessoa.” Só que, para isso, é importante a
gente ter saúde. E a indicação da Sociedade Brasileira de Urologia é de que
todo homem com mais de 45 anos - ou 40 anos, se houver algum fator de risco - comece
a visitar um urologista para fazer o seu toque retal e seu PSA. Muito obrigado
a todos. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos
saudar o Dr. Carlos Teodósio da Ros pela brilhante aula/exposição que fez aos
presentes.
O Ver. Raul Carrion
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Sou autor da lei que criou a Semana Municipal de Prevenção ao Câncer de
Próstata, e é uma grande alegria contar com uma Mesa tão representativa aqui
formada pelos senhores e ver que, apesar de a Lei nº 9.821 ter sido
recém-aprovada no dia 5 de setembro, conseguimos, junto com as atividades do
Dia Nacional, que foi aprovado no ano passado, fazer já no primeiro ano, poucos
meses depois da aprovação por unanimidade desta Casa da Semana Municipal, uma
série de atividades. Hoje pela manhã, estivemos lá no Hospital São Lucas da PUC
e, no domingo, estaremos no Brique da Redenção desde as 10 horas até metade da
tarde com uma banca, com a distribuição de fôlderes. A Sociedade Brasileira de
Urologia, que eu saiba, contribuiu com quase 50 mil fôlderes, que estão sendo
distribuídos nas unidades de saúde.
Já foi dito que o câncer de próstata é o mais
freqüente na população masculina, a segunda maior causa mortis, com
uma incidência duas vezes maior do que câncer de mama, que também é outro
importante problema de saúde.
Nós queremos parabenizá-los e agradecer também ao
Secretário Busato, nós nos comunicamos desde o início das negociações para
fazer este ano uma grande Semana, ele se interessou e faz-se presente hoje;
chegando de viagem, ele fez questão de vir, nós não tínhamos muitas
perspectivas de que pudesse estar aqui. E o Dr. Gus também está presente,
mostrando que há vontade política do Município.
E, certamente, a segunda Semana poderemos fazer com
mais repercussão, creio que com algum tipo de atendimento à população, no
sentido de se oferecerem exames. Eu acredito que há um imenso universo de
pessoas que não tem tido acesso a essa prevenção, às vezes até por desconhecimento
do problema e de todos os mecanismos que existem de prevenção e de diagnóstico
precoce e etc.
Muito obrigado pela vinda, pelo apoio e incentivo
que estão dando a essa questão. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Requerimento.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Nós queremos agradecer a presença do Dr. Carlos Teodósio da Ros,
especialmente quando ele nos fala de uma situação muito clara, a do preconceito
numa sociedade preconceituosa. A tendência da mulher é ser muito mais dócil em
relação à busca de aconselhamentos, de soluções para seus problemas de ordem
ginecológica, e o homem, quando chega na questão do câncer de próstata,
especialmente nas doenças prostáticas em geral, por uma questão preconceituosa
e até por uma negação do seu processo de envelhecimento e da doença prostática,
ele simplesmente passa não só a negar, mas a contribuir de uma forma negativa
para o esclarecimento generalizado de um inconsciente coletivo, o que é,
indiscutivelmente, uma dificuldade a mais, um óbice a mais nessa busca.
Nós temos aqui no Brasil, além de todas as outras
dificuldades, como na Pneumologia, o câncer de pulmão, a disseminação do câncer
de próstata, especialmente nesse início pesado e difícil de convencimento das
populações, o que talvez seja uma das maiores dificuldades a serem
ultrapassadas, e essa batalha é feita da forma como V. Exa faz agora, por isso
a eterna gratidão desta Casa por esta magnífica exposição e principalmente pelo
seu compromisso com a saúde das pessoas e com o rigor acadêmico. Meus parabéns!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Nereu
D’Avila está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Em nome da Bancada do PDT, nós queremos registrar a iniciativa
maravilhosa da Sociedade Brasileira de Urologia, que, em nome da saúde do
homem, lança a Semana Municipal de Combate ao Câncer de Próstata. Apesar de
todas as vozes médicas que nós temos que, com muito carinho, ouvir, é
necessário confessar que entre nós, homens, há ainda - principalmente no Rio
Grande do Sul, agora quase superada - aquela questão do incômodo do exame.
Graças a Deus e graças a estas iniciativas que nós louvamos, é voz uníssona
esta louvação, inclusive com relação à apresentação didática que há poucos
momentos assistimos, que nos conscientizemos definitivamente - problemas de
machismo à parte, problemas outros de quaisquer circunstâncias - com relação à
saúde do homem. Por isso é importantíssimo esse exame, e as mulheres, é claro,
são solidárias conosco, porque elas também nos ajudam, principalmente, a
preservar nossa saúde.
Portanto a Bancada do PDT fica muito satisfeita com a presença das altas autoridades do
Município, que estão aqui prestigiando este ato, esta iniciativa e esta pretensão,
que vão, através da televisão, influenciar milhares de pessoas. Sempre é bom
dizer: repetir não é ruim, porque nós ainda estamos tratando de percentuais
altíssimos que às vezes ocorrem por falta de iniciativa, principalmente, por
parte dos homens a partir do 40 anos, 45 anos. Nós nos unimos para parabenizar
esta brilhante iniciativa. Estes parabéns são extensivos ao nosso colega Ver.
Raul Carrion, que também - como a gente pôde perceber - está interessado e, em
nome de todos nós, apresentou um Projeto de Lei que foi consagrado. Iniciativas
desta natureza fazem muito bem à população em geral, não somente a nós, homens,
e à Câmara, mas à população no seu todo, uma vez que isso está sendo
transmitido pelo Canal 16 da TVCâmara. Um abraço a todos e muito obrigado pela
presença de vocês.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, eu queria, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, saudar o Dr. Pedro Gus, nosso Secretário
da Saúde; Deputado Estadual e Secretário da Governança Local, Sr. Cézar
Busatto; Dr. Rogério Amoretti, Diretor-Técnico do GHC, e a Sociedade Brasileira
de Urologia, que vem, através do Dr. Carlos Teodósio e do Dr. Túlio Graziottin,
trazer uma grande contribuição na questão da prevenção ao câncer de próstata.
Entre os dias 17 a 23 de novembro, nós comemoramos a Semana Municipal de
Prevenção ao Câncer de Próstata, um Projeto do nosso colega Ver. Raul Carrion.
Queremos
dar uma demonstração clara, viva, presente no sentido de que esse exame seja,
de uma certa forma, extensivo a todos os porto-alegrenses. Se nós percebermos,
o exame de prevenção ao câncer de próstata ainda está muito aquém das
necessidades básicas da população. Se tivéssemos a possibilidade de, no futuro,
estender esse exame para todos os postos de saúde de Porto Alegre, teríamos
dado uma grande contribuição. Uma contribuição que seria muito maior, se
aumentássemos o número de serviços comprados, uma vez que esses serviços são
conveniados aos prestadores de serviços, hospitais filantrópicos; teríamos
condições de, ao menos, nessa Semana, fazer uma campanha mais ampla do que a
que está sendo feita normalmente, porque é uma necessidade de demanda.
Percebendo o quanto é importante fazer o exame, nessa verificação poderemos
constatar que centenas ou milhares de trabalhadores que trabalham durante o
dia, hoje, não têm acesso a esse exame preventivo.
Em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós também queremos prestar esta
homenagem, sensibilizar com essa Semana tão importante, mas quero dizer que,
como homens públicos, Vereadores, nós gostaríamos que toda a população
masculina, numa parceria com o Governo, pudesse ter acesso a esse exame, o que
seria muito importante para o País e para a população. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente desta
Casa, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero, em nome do Partido da Frente
Liberal, manifestar a nossa satisfação e parabenizar o Ver. Raul Carrion pela
iniciativa, parabenizar a Câmara pela sua aquiescência e a Prefeitura pelo
sancionamento da lei que instituiu a Semana Municipal de Combate ao Câncer de
Próstata. São procedimentos assim que fazem com que a cultura de um povo comece
a avançar, a se aprimorar; passando a fazer parte do seu dia-a-dia a
conscientização da necessidade da periodicidade desse exame. Lembro-me muito
bem, criado lá nos confins do Rio Grande, quando pequeno, da cultura de ter
medo do dentista, e era, até pouco tempo atrás, semelhante a de ter medo de
fazer o toque retal. Mas essa cultura, graças a Deus, nós estamos superando;
nós necessitamos de programas assim. Parabéns à nossa Administração por esta
iniciativa tão louvável.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A minha Bancada, composta
pela Verª Mônica Leal, pelo Ver. João Carlos Nedel e por este Vereador,
sente-se muito orgulhosa por recebê-los aqui, porque a área da Urologia no
Brasil é tratada com muita competência e de forma a dignificar a Medicina deste
País. Eu, na terça-feira, via o Dr. Barata dizendo na televisão que, num
recente Congresso em Brasília, se apresentou um médico de São Paulo que
recompõe a bexiga, faz tudo o que precisa ser feito, até uma nova, caso for
indicado. Portanto, nós ficamos felizes em saber que os urologistas
porto-alegrenses se preocupam em incentivar a população masculina que tem mais
de 40 anos a buscar, por meio de exames, conhecer melhor a próstata, para que
se evite, com isso, o câncer, que leva tantas figuras que conhecemos - o que
lastimamos.
Quero
também dizer que a Câmara Municipal, no seu corpo médico, tem o Dr. Marcos
Ferreira, que é um nome que honra, sem dúvida nenhuma, da Urologia
rio-grandense e brasileira. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; em
meu nome e dos Vereadores Sebastião Melo, Haroldo de Souza, Bernardino
Vendruscolo, a Bancada do PMDB quer se associar, neste momento, à homenagem que
fazemos aos homens que nos visitam aqui. Queremos fazer um agradecimento e uma
saudação especial ao Dr. Carlos Teodósio da Ros pela sua manifestação inicial;
uma saudação aos demais integrantes da Mesa, Dr. Túlio Graziottin e Dr. Rogério
Amoretti. Permitam-me fazer uma enfática saudação pessoal, em especial, aos
companheiros de vida pública Pedro Gus e Cézar Busatto. Gostaria de poder
registrar com alegria, Sr. Presidente, o momento alto desta Casa. Nem sempre se
compreende que a Câmara Municipal dedique boa parte do seu tempo à Tribuna
Popular, ou a algumas homenagens, ou a alguns comparecimentos. Talvez não se
perceba, pelo menos generalizadamente, que uma Casa Legislativa de nível local
seja mais do que uma Casa Legislativa; é um espaço para a comunidade refletir
sobre as suas inquietações, e essas nem sempre dependem de uma solução
legislativa, embora se estimulem por elas.
Nossos
cumprimentos ao Ver. Raul Carrion, autor desta iniciativa, que nos permite este
momento. Todos nós temos consciência de que a batalha pela prevenção e o
combate ao câncer de próstata começam bem antes dos hospitais ou dos
consultórios médicos, começam na consciência das pessoas, e não apenas na
consciência dos homens, mas na consciência também das mulheres, nossas
parceiras nessa jornada, assim como nós somos parceiros delas na prevenção do
câncer de mama, do colo de útero.
Enfim, essa parceria nos faz, todos, num momento como este, irmãos numa batalha
que se ganha - repito - na consciência das pessoas. E é gratificante observar
que, graças a esse trabalho que começou pioneiramente pela iniciativa dos
médicos, hoje essa é uma causa que pertence a todas as pessoas. E eu diria que
ela é, na consciência das pessoas, plenamente vitoriosa. Meus cumprimentos pela
iniciativa! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Todas as Bancadas se manifestaram.
Eu não poderia deixar de oferecer a palavra ao Dr. Pedro Gus, que é o
Secretário da Saúde do Município de Porto Alegre, quando se inicia a campanha
municipal na defesa da saúde e no combate ao câncer de próstata.
O Sr. Pedro Gus está com a palavra.
O
SR. PEDRO GUS: Ao cumprimentar o Presidente da
Câmara, Ver. Elói Guimarães, quero cumprimentar todos os Srs. Vereadores e as
Sras Vereadoras; quero cumprimentar, em especial, o Ver. Raul
Carrion, pela iniciativa de criar, no Município de Porto Alegre, a Semana
Municipal de Combate ao Câncer de Próstata. Como médico, há muitos anos, por um
período na minha vida, fui urologista; parece mentira, mas aí eu derrapei e
comecei a fazer colo e proctologia. Eu acompanhei, por muitos anos, os doentes
de próstata, na época em que a incidência de câncer era bem menor porque a
longevidade era muito menor do que a de hoje. Haja vista que eu estou fazendo
50 anos de formado, há 45 anos ou 50 anos, alcançar 70 anos ou 80 anos era
quase uma exceção, e hoje isso é uma regra, nós vivemos bastante mais. Com
isso, oportunizamos que essa nossa glândula, de benigna, se torne, muitas
vezes, maligna.
São muito importantes iniciativas como as que foram
referidas, de prevenção, como disse o Ver. Aldacir Oliboni, levando para os
nossos postos, também, a oportunidade de a população masculina fazer esse
exame. Para isso, eu conto com a Sociedade Gaúcha de Urologia para capacitar os
nossos profissionais a avaliarem o toque retal e os dados que daí são
inferidos, para que possamos cooperar, não só nessa Semana, mas permanentemente
na prevenção do câncer de próstata, que tanto afeta nós, gaúchos, e toda a
população masculina mundial, haja vista o número de homens que vamos ter daqui
a 50 anos, no mundo inteiro serão quase dez milhões - ali citados - de homens.
Então, nós temos de estar preparados para enfrentar isso e fazer a prevenção,
que é a única forma de, realmente, alcançarmos sucesso para essa população mais
idosa. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estamos encerrando esta magnífica
Tribuna Popular e queremos dizer que esta Casa, a par das suas funções
institucionais, é um fórum público na defesa dos interesses maiores da cidade
de Porto Alegre. Nesse sentido queremos cumprimentar o Dr. Carlos Teodósio da
Ros, que é o Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no Rio Grande do
Sul, e agradecer a sua presença; agradecemos também a presença do Dr. Pedro
Gus, Secretário Municipal da Saúde, e do Deputado Cézar Busatto, Secretário
Municipal de Coordenação Política e Governança Local. Se me permitir,
Secretário, gostaria de dizer que V. Exª quebrou o preconceito com relação à
questão ligada ao câncer de próstata, quando tornou pública a notícia da
cirurgia exitosa que realizou. Portanto, queremos saudá-lo. Como diz o
Secretário Busatto, graças à prevenção, ele é um exemplo vivo, poderíamos
dizer, dessa campanha. Queremos cumprimentar o Dr. Túlio Graziottin, que é
Vice-Presidente da Sociedade de Urologia do Rio Grande do Sul, e o Dr. Rogério
Amoretti, Diretor-Técnico do Grupo Hospitalar Conceição.
Estamos
encerrando este espaço, agradecendo profundamente, encarecidamente este momento
tão significativo que a Câmara realizou por meio desta Tribuna Popular. E, pela
TVCâmara, muitas e muitas pessoas acompanharão a exposição que aqui produziu o
Dr. Carlos Teodósio da Ros.
Estão
suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h40min.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 14h42min): Estão reabertos os trabalhos.
Convidamos
a fazer parte da Mesa a Srª Eliana Azeredo, Diretora da Capacità Eventos; Srª
Soraia Iessim, Gerente da Capacità Eventos; Srª Luciana Morales, Gerente da
Capacità Eventos. A Capacità Eventos está concluindo, com muito êxito, com
muita competência e capacidade, dez anos de profícua existência em nossa
Cidade, através do seu labor altamente importante.
O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D'AVILA: Exmo
Ver. Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Nós gostaríamos de dizer que esta Câmara, sendo o
receptáculo de todos os acontecimentos, de todo o desenvolvimento, seja no
setor de serviços, como é o caso, seja no setor comercial ou empresarial, seja
a respeito de qualquer palpitação da sociedade porto-alegrense, deve, no nosso
entendimento, repercutir esse tipo de acontecimento.
Foi por isso que, ao
participarmos dos dez anos de serviço da Capacità Eventos, num ato
maravilhoso no Clube Leopoldina Juvenil, e vendo a presença soberba de empresas
do mais alto conteúdo econômico, social e financeiro, Ver. Dib, nós nos demos
conta de que aqueles que desenvolvem o Estado, desenvolvem a cidade de Porto
Alegre principalmente, aqueles que trabalham para que haja maior distribuição
de riqueza, aqueles que dão emprego, aqueles que contribuem com os impostos,
que ajudam a transmitir o consumo e, por conseqüência, fortalecem a economia da
cidade de Porto Alegre... Por trás desses acontecimentos, há uma empresa que
completou dez anos prestando serviços, competentemente, para que eventos com
milhares de pessoas às vezes, com dezenas ou centenas, pudessem transcorrer com
organização, disciplina e
também com estética, porque a mão feminina está sempre presente.
Nós
verificamos isso inclusive numa reportagem, alusiva à data, muito bem
apresentada pelo Jornal do Comércio, que diz (Lê.): “O principal objetivo da
empresária” - no caso Eliana Azeredo, que foi entrevistada - “foi criar uma
empresa que desenvolvesse eventos de uma forma diferenciada, procurando atender
a determinados nichos de mercado e às necessidades de cada cliente,
principalmente a área empresarial. A Capacità se posicionou no mercado sempre
priorizando a qualidade de seus serviços e do atendimento. Conquistou a
fidelidade dos clientes e fortaleceu sua imagem no segmento em que atua. Em
2004, tornou-se a primeira empresa de eventos a receber o Prêmio Top de
Marketing, da ADVB, como Revelação do Ano. Hoje, estão entre seus principais
clientes a Associação Brasileira de Supermercados, Associação Gaúcha de
Supermercados, Companhia Zaffari e Hipermercados Bourbon, Programa Gaúcho da Qualidade
e Produtividade, Instituto de Estudos Empresariais, Movimento Brasil
Competitivo, Associação Latino-Americana de Propaganda, FIERGS e Inmetro”.
Por
isso, pode-se verificar que nível, nesses dez anos, atingiu a Capacità para que uma
empresa do porte - só para citar uma - da FIERGS, que é a representante do
conjunto dos empresários do Rio Grande do Sul, seja uma das suas clientes. Isso
se chama competência, Srª Diretora Eliana e senhoras Gerentes, que aqui
comparecem.
Então,
a Câmara não pode furtar-se ou omitir-se no sentido de que empresas desse teor
prestando serviços à Cidade não sejam, pelo menos, recebidas e homenageadas
neste plenário onde se assentam 36 representantes dos diversos segmentos da
sociedade de Porto Alegre. Portanto, é com muita satisfação que nós nos
lembramos de trazê-las aqui, na comemoração desses dez anos bem vividos,
naturalmente com situações que a vida reserva, às vezes de surpresas
agradáveis, outras nem tanto, outras até mesmo desagradáveis. Mas o importante
é competir, é prestar serviços, é conviver com a sociedade e a ela dedicar
momentos em que, enquanto muitos festejam, regozijam-se nos eventos das
empresas, há aquelas que trabalham, que não participam dos coquetéis, que não
participam dos jantares, que não participam, enfim, dos festejos, e ficam atrás
exatamente para garantir que haja êxito naqueles eventos, naqueles
empreendimentos. Aí está uma coisa importante que a Capacità Eventos, que
as senhoras prestaram à nossa comunidade, à comunidade de Porto Alegre.
Por
isso, é com muito prazer que, em nome dos Vereadores, em nome desta Casa,
prestamos esta homenagem, e, em se tratando principalmente de uma empresa
liderada por mulheres, é mais especial, é mais importante ainda, porque mostra
que finalmente não se fica no discurso, apenas, de que as mulheres são as
companheiras, de que as mulheres devem ter o seu lugar; elas obtêm o seu lugar
trabalhando, pelejando, peleando, como dizem os gaúchos. E vocês fizeram isso
nesses dez anos e merecem esta homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre
presta com muita honra. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, minha cara Eliana
Azeredo e suas assessoras, é uma satisfação muito grande recebê-las aqui no dia
de hoje. Nós convivemos com as pessoas, aprendemos a conhecê-las, aprendemos a
admirá-las e respeitá-las, como é o caso da Eliana, que tem o meu respeito, a
minha admiração e a admiração da minha Bancada, da Verª Mônica Leal e do Ver.
João Carlos Nedel.
São
dez anos de excelentes serviços - não só de eventos festivos, mas de seminários
e congressos - que fazem com que a gente reflita que nem sempre é fácil atingir
esse tempo de vida, que para uma empresa é pouco, mas é muito difícil chegar
nos dez anos de sucesso. O mais importante é pensar que, de repente, essas
pessoas que fazem esse sucesso não encontraram um “mar de rosas” pelo caminho,
iniciaram com muitas dificuldades, para estudar, para aprender, para poder ser
útil à sociedade e, de repente, conseguem atingir o seu objetivo de servir, o
que é muito importante, de ser útil. E é por isso, minha querida Eliana, que eu
não a chamo de Eliana, eu a chamo de senhorita eficiência. E vou continuar a
chamando assim, porque acho que respeitar a capacidade de trabalho dos nossos
semelhantes é uma coisa maravilhosa: ver que os nossos semelhantes crescem com
esforço extraordinário, dando de si para fazer o melhor. Portanto, “Srta.
Eficiência”, a nossa saudação, o nosso carinho, a nossa homenagem; e para as
suas assessoras um abraço muito grande também. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Convido o Ver. Nereu D’Avila a proceder à entrega do Diploma alusivo ao 10º
aniversário da Capacità Eventos.
(Procede-se
à entrega do Diploma.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Srª Eliana Azeredo, Diretora da Capacità, que faz dez anos, está com a palavra.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Queremos saudar mais uma vez a Srª Eliana Azeredo, Diretora da Capacità
Eventos; a Srª Soraya Iessim e a Srª Luciana Morales, Gerentes da empresa.
Encerro, dizendo que a Capacità Eventos tem muita capacidade.
Suspendemos
os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h56min.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 14h57min): Passamos ao
Hoje
este período é destinado a assinalar o 60º aniversário do Kennel Clube do Rio
Grande do Sul, nos termos do Requerimento de autoria do Ver. Nereu D’Ávila.
Convidamos
a compor a Mesa o Sr. Luiz Carlos Zindulis, Presidente do Kennel Clube do Rio
Grande do Sul; Sr. Oscar Plentz, Vice-Presidente da Entidade; Srª Leila Rebelo,
Presidente da Federação Cinológica do Rio Grande do Sul.
O
Ver. Nereu D’Avila, proponente desta homenagem, está com a palavra em Grande
Expediente, por cedência de tempo da Verª Maristela Meneghetti.
O
SR. NEREU D’AVILA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) (Lê.) “Em 21 de março de 1945, um grupo de amigos
e criadores de cães da raça Pointer Inglês reuniram-se para fundar o Kennel
Clube do Rio Grande do Sul. Sua primeira sede foi instalada na Rua dos
Andradas, onde hoje é o cinema Cacique.” Aliás, não é mais o Cinema Cacique,
era. “Depois, em 1952, a Prefeitura de Porto Alegre doou o terreno onde até os
dias de hoje funciona a sede administrativa e social do KCRGS, nosso tão
conhecido Kennel, na Rua Múcio Teixeira, nº 724, no bairro Menino Deus.
“Nos
primeiros anos de atividade do Kennel, o ponto alto das exposições era o glamour:
as exposições e apresentações eram completamente diferentes. Os cães
premiados saíam exuberantes, orgulhosamente exibindo suas medalhas no pescoço.
Mas ainda eram poucas as raças difundidas em nosso Estado. As primeiras
exposições exibiam pouco mais de dez raças diferentes, tais como Pastor
Alsaciano e o Pastor Belga, bastante populares na época. Também se apresentavam
cães das raças Basset Hound, Bulldog Inglês, Bull Terrier, Collie Pêlo Longo,
Dinamarquês, Dobermann, Dálmata, Fox Terrier Pêlos Liso e Duro, Lulu da
Pomerânia - na época, a tentação das senhoras da elite gaúcha -, Galgo,
Pequinês, Scottish Terrier e Pointer Inglês.
“Seis
décadas após, o Kennel orgulha-se de ter prosperado e acompanhado as tendências
mundiais voltadas inclusive à genética e à tecnologia cinófilas. Hoje contamos
com um quadro associativo que passa dos mil contribuintes ativos, como também
organizamos freqüentemente exposições num estádio cinófilo próprio, localizado
na Estrada Costa Gama, nº 4.198, onde possuímos infra-estrutura para
promovermos até quatro apresentações simultâneas totalizando, em média, mais de
1.200 participações de cães de raça pura, vindos até de outros Estados e
países, pois orgulhosamente o Kennel é reconhecido em caráter mundial.
“Trabalha também, e muito,
em ‘defesa dos indefesos’, amparando e defendendo raças em prol da sociedade,
como também protegendo animais vítimas de maus-tratos. Desenvolvem atualmente
um projeto em defesa dos chamados cães agressivos, oferecendo técnicas e
condições disciplinares através de aulas de adestramento gratuitas, inclusive
pensam em elaborar e criar uma nova tendência profissional: a de adestrador
profissional de cães”.
Ao
lado disso, eu queria testemunhar que nesses sessenta anos, em qualquer
apresentação de cães de raça, se pode testemunhar - nós já fomos testemunhas -
a presença de juízes internacionais, não só dos Estados Unidos, mas de outros
países da Europa principalmente, dando um caráter mundial à cidade de Porto
Alegre, quando da apresentação de cães.
Eu
queria, Presidente Luiz Carlos, particularmente, parabenizá-lo. Parabenizo
também o Vice-Presidente e a Diretoria do Kennel Clube, nesses 60 anos, pela
vitória obtida na Assembléia Legislativa, da qual nós fomos partícipes, porque
o Líder do PDT, o Deputado Cherini, apresentou um Projeto. Para nós, inclusive
- que estudamos, temos participado e fomos autores aqui de Projetos de Lei -, o
Projeto era, inicialmente, e vou dizer a palavra, monstruoso, no sentido de que
queria ceifar raças de cães, embora a questão do Pit Bull seja uma questão que,
realmente, traz aos jornais situações constrangedoras. Mas não se resolve
eliminando os cães, extinguindo-os. No Rio de Janeiro, tentou-se fazer isso,
mas a sociedade repeliu, e a Governadora Rosinha foi obrigada a retirar do
Projeto a extinção da raça. Não é por aí! Esquece-se de que, através do
adestramento, os donos dos cães é que transmitem as ordens para que eles sejam
maus, bons, péssimos, ou não. Eles não nascem intrinsecamente com o grau de
ofensividade ou agressividade.
Quanto
aos cães de raças Pit Bull, Dobermman, Rottweiler, nós aqui, por meio de uma
lei de minha autoria, votamos para que, nos grandes parques, seja evitada a
presença desses cães, até pela sua natureza, que pode ser agressiva, e
determinamos a utilização de focinheira. No entanto, vai-se ao parque, domingo,
na Redenção, e não há nenhuma fiscalização. Então, a culpa não é dos animais, a
culpa é de quem os adestra, dos seus donos.
E
a vitória pela qual eu os quero parabenizar, Presidente e Diretoria do Kennel
Clube, é que, com o diálogo que nós proporcionamos entre o Deputado Cherini, V.
Sas. e os demais Deputados, meses depois da primeira apresentação do Projeto, a
lei que finalmente saiu é uma lei, embora com alguns exageros, absolutamente
nos padrões que se quer e que se requer, ou seja, sem as excrescências que o
Projeto original propunha. Foi uma vitória de V. Sas, através do
diálogo, através do entendimento, da demonstração para aqueles que não entendem
de cães, no sentido de que não se fixem nas notícias sobre agressões cometidas
por animais, desejando, então, a extinção da raça, a morte de todos os cães
daquela raça, enfim, que se faça e aconteça. Não é por aí.
Graças
a Deus, aqui na Câmara havia também um Projeto semelhante, de uma Vereadora,
mas ela teve o bom senso de retirá-lo, porque já na Assembléia estava
regulamentada a matéria. Parabéns ao Kennel Clube pelos sessenta anos em que
estiveram e estão na defesa dos animais. Como já citei, um Deputado, Líder da
nossa Bancada, foi sensível e fez uma lei - uma lei dentro dos parâmetros
normais do humanismo - em defesa dos animais, apesar de a maioria das pessoas
se levantar em prol de leis para extinção de tais animais ou para que fossem
esterilizados.
O
Sr. Márcio Bins Ely: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador) Ver. Nereu D’Ávila, obrigado por
este aparte. Quero cumprimentar V. Exª por esta iniciativa de registrar os
sessenta anos do Kennel Clube. Meus cumprimentos extensivos ao Sr. Luiz Carlos,
Presidente; ao Sr. Oscar Plentz, Vice-Presidente do Kennel Clube,
e à Srª Leila Rebelo. Acho importante trazermos também esse debate dos cães de
raça para esta Casa. Parabéns pela oportuna lembrança dos sessenta anos do
Kennel Clube, meus cumprimentos pela iniciativa, Ver. Nereu.
O
SR. NEREU D’AVILA: Só
para ilustrar, no Rio de Janeiro, a lei que estava em vigor determinava que
certos cachorros de raça, principalmente os da raça Pit Bull, só saíssem das
22h às 5h da manhã - situação inexplicável! Ora o sol nasce, e ele é necessário
para todos - pobres, ricos, brancos, pretos - e também para qualquer raça de
animal. Graças a Deus, no Rio de Janeiro, houve o consenso, e os próprios
Deputados refluíram, e a Governadora sancionou a lei, mas para transportar os
cães com focinheira, com enforcador, com segurança, proibindo menores de
carregar cães pesados e agressivos. Agora, não pode a lei ser contra a
natureza, proibindo o sol para os animais - essas excrescências não chegaram ao
Rio Grande do Sul! O Kennel Clube é um fiel defensor dos animais, que aliás
merecem melhor tratamento da parte legal.
Portanto,
nesses sessenta anos, Diretoria e Presidente do Kennel Clube, a Câmara
Municipal não poderia ficar omissa, não poderia ausentar-se de comemorar junto
o trabalho profícuo que o Kennel, nesses anos, tem produzido. Comemorarmos
junto ao Kennel Clube data tão expressiva dos seus seis decênios de boa
convivência com a sociedade gaúcha. Um grande abraço e parabéns. Levem daqui
parabéns a todos os demais associados do nosso Kennel Clube. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos
o Ver. Nereu D‘Avila a proceder à entrega do Diploma alusivo ao 60º Aniversário
de fundação do Kennel Clube do Rio Grande do Sul.
(Procede-se
à entrega do Diploma.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Sr. Luiz Carlos Zindulis, Presidente do
Kennel Clube, está com a palavra.
O
SR. LUIZ CARLOS ZINDULIS:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Esta homenagem nos sensibiliza muito,
muito mesmo, e, de coração, agradecemos a participação de todos. Quero dizer
aqui que o que estamos fazendo em prol da cinofilia é muito pouco diante do que
gostaríamos de fazer. Então, a partir de agora, com certeza, traremos novidades
ao povo de Porto Alegre. Inclusive, queremos até instituir a profissão de
adestrador de cães, criar uma profissão a mais no Brasil, para a qual
nós temos muitas perspectivas de evolução. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Ao encerrarmos
esta parte do Grande Expediente, queremos saudar o Sr. Luiz Carlos Zindulis,
Presidente do Kennel Clube do Rio Grande do Sul; o Sr. Oscar Plentz,
Vice-Presidente, e a Srª Leila Rebelo, Presidente da Federação Cinológica do
Rio Grande do Sul. Queremos dizer que o Kennel Clube tem um papel extremamente
importante, histórico no Rio Grande do Sul sob todos os aspectos. E aqui
queremos fazer coro a um adágio popular de que o cão é o melhor amigo do homem.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h12min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 15h13min): Estão
reabertos os trabalhos.
A Verª
Manuela d’Ávila está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo
da Verª Maristela Maffei.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós, incansavelmente,
temos vindo a esta tribuna denunciar as atrocidades que são cometidas
cotidianamente contra a juventude iraquiana, que teve o seu país ocupado por
aqueles que diziam estar salvando a humanidade do terrorismo.
Neste mandato, certa vez causei polêmica ao entrar
com uma camiseta com o semblante do Bush com o bigode de Hitler, fazendo menção
justamente à política fascista do governo norte-americano. Mas, desde que
assumimos este mandato, não temos, na minha opinião, dado trégua a essa
política de morte comandada com as duras mãos de quem se julga o xerife do
mundo:George Bush Filho, “baby Bush”.
O dia de hoje é o de maior pesar para àqueles que
lutam pela construção da paz. Se é verdade que toda a população mundial já
sabia e saiu às ruas para protestar contra essa guerra fajuta, cujo objetivo
real não é combater o terrorismo, porque pior terrorismo que o feito pelo
Estado norte-americano não há... Todos já sabíamos que o objetivo dessa guerra
não é livrar o mundo das armas de destruição em massa. Mas, no dia de hoje, nós
tivemos não só a comprovação disso - porque essa comprovação nós já tínhamos -
como também a comprovação de que o Governo norte-americano fez uso das tais
armas químicas que destroem, que torturam, que queimam os corpos, para combater
a juventude iraquiana, que luta e resiste contra a ocupação do seu país. Nós
podemos observar manchetes a respeito disso nos principais jornais sérios do
nosso País, porque uma série de jornais sequer fez menção a esse fato relevante
da geopolítica mundial, das relações econômicas dos países. Nós temos relações
econômicas com esses países que estão envolvidos, sim, nesse massacre ao povo,
a uma juventude. Nós podemos ver o que significa exatamente o combate ao terrorismo
que os Estados Unidos da América fazem. Nós podemos ver os corpos dos soldados
iraquianos queimados pelo uso do fósforo branco.
O fósforo branco, para quem não sabe, causa nas
vítimas os mesmos efeitos que o napalm, a suposta substância que seria encontrada
- e que até hoje não foi - no Iraque. Parece, algumas vezes, que estamos
falando de coisas que são irreais, ou que não interessam a maior parte dos
Vereadores. São tantos os assuntos que despertam o interesse desses que
representam Porto Alegre, mas a paz, a bandeira daqueles que lutam pela real
igualdade, a bandeira que, em última instância, seria aquela pela qual todos
nós lutamos, não é comentada. Agora vemos um povo sendo destruído, vemos um
país que controla esse maldito capital especulativo internacional e que voa
sobre o céu do nosso País, e o nosso País não consegue se desenvolver por estar
preso a esse modelo de desenvolvimento. Mas a paz e a guerra do Iraque não têm
relação, ou parece não ter relação com
a vida da maior parte dos representantes do povo de Porto Alegre. Eu fiquei
muito chocada ao ver essas imagens e também tenho repetido isto: eu nunca
compreendi como a geração que conviveu com o fascismo na Alemanha pôde
suportar, conviver com aquilo, naquele momento histórico, e fazer tão pouco
para salvar aquelas milhares de vidas. A impressão histórica que sempre me foi
passada foi de que aquelas gerações haviam ficado quietas vendo os homens e as
mulheres sendo assassinados simplesmente por terem uma outra origem étnica.
Nós,
aos poucos, fomos descobrindo que a história não se deu assim; aos poucos,
fomos descobrindo a resistência do povo brasileiro, por exemplo, da juventude
brasileira, através de uma primeira mobilização da União Nacional dos
Estudantes, pelo envio de tropas de combate ao nazifascismo naquela Guerra. Nós
fomos descobrindo que o povo, mesmo com as suas forças limitadas, combatia já o
extermínio da população por ser diferente. E hoje eu tenho a impressão que
muitos de nós nos acostumamos com esses fatos, com essa guerra que dura anos,
Ver. Haroldo, e que mata milhares por mês, que mata jovens de 20 anos, 21 anos,
que se explodem, por isso ser sinônimo de resistir à ocupação no seu País.
Nós
vemos as notícias; e a guerra, depois de a tecnologia ter avançado, parece um
jogo de computador, um jogo de videogame. A tela da televisão simplesmente fica
preta, e aparecem aviõezinhos com sinais verdes, rumo ao alvo. Não é um jogo de
videogame, não é um jogo de computador. São pessoas que estão morrendo, por
esse que comanda a maior economia do mundo. São pessoas que estão morrendo,
para encher os tanques de gasolina dos carros norte-americanos. São pessoas que
estão morrendo, para nós continuarmos abrindo cada saquinho plástico de iogurte
que é feito com aquilo que de lá é retirado. São pessoas que morrem, para o
consumo de petróleo no mundo continuar tendo a dimensão que tem. E esse país
que destrói um país irmão nosso - porque, para mim, todos os povos são povos
irmãos - é o mesmo país que quer comandar e fazer vigília sobre a democracia no
nosso continente. Esse é o mesmo país que acha correto implementar mais de mil
bases militares pelo mundo. Nós temos hoje mais de mil bases militares
norte-americanas pelo mundo! Recentemente, uma foi instalada no Paraguai. Qual
a relação que isso tem com a realidade de Porto Alegre? É tudo tão distante! O
Iraque é tão distante, o Paraguai é tão distante! Será tão distante assim a
realidade dessa guerra? Será tão distante dos seus corações e das suas mentes a
juventude sendo morta para o petróleo ser consumido? Acho que temos que
refletir mais sobre esses temas.
Alguns Vereadores, depois, dizem que essas são as
grandes questões, que nós temos que tratar apenas das pequenas questões, mas
essas questões são as que nos fazem acordar para a realidade do mundo em que
vivemos. Nós vivemos em um mundo - e isso não é exagero, nem retórica barata -
em guerra, nós vivemos num mundo em que, para se manter à frente e dominar a
economia, o gigante do mundo se pressupõe dono deste mundo, pressupõe-se
imperador deste mundo... Mas todos os impérios caem, até mesmo o Império
Romano, que foi o que mais cresceu, o que mais se consolidou, o que mais pautou
novas regras em todas as dimensões, acabou um dia.
Por fim, neste pequeno tempo que me resta, gostaria
de colocar que hoje, nesse mesmo ambiente de descoberta do uso de armas
químicas pelos Estados Unidos, da revelação dessa prática fascista comandada
por Bush, teremos uma votação que é muito importante para o Município de Porto
Alegre, que trata da retirada dos direitos dos nossos trabalhadores municipais,
da retirada da maneira como são reajustados os salários desses trabalhadores
que constroem o nosso Município. Nós ajudamos a construir este Município, mas
nós passamos; podemos ficar quatro, alguns Vereadores ficam oito, outros ficam
mais anos aqui, mas nós passamos, e esses trabalhadores são aqueles que
constroem a cidade de Porto Alegre, esses trabalhadores são os trabalhadores
que educam as nossas crianças, esses trabalhadores são os que controlam a real
vida da nossa Cidade, a vida que fica, apesar de ou com todos os Governos que
vêm e que vão, e temos que ser responsáveis com as palavras que emitimos no dia
de hoje.
Eu acompanhei de perto toda a negociação que foi
feita na Câmara, nos momentos em que a Câmara resolveu se envolver nessa
importante pauta do Município de Porto Alegre, e muitos Vereadores se
expressaram, nos momentos de grande dimensão pública, a favor dos trabalhadores
do nosso Município. Hoje é o dia de vermos se a palavra dada, como disse na semana
passada, é o que vale ou se voltamos a viver, como diz o Ver. Adeli, na fase da
“enrolation”. Hoje é o dia de vermos quem defende de fato o serviço público,
quem defende de fato quem constrói a Cidade, ou se estamos aqui apenas para
fazer belos discursos e arrancar aplausos da torcida. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrado o
Grande Expediente.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
nobres Pares desta Casa, depois de inúmeras tentativas de buscarmos uma
intermediação que garantisse que a luta da categoria, a sua mobilização,
através da sua representação legítima hoje, que é o Fórum das Entidades,
pudesse ser esta luta e esse espaço que se constituiu de reuniões e de
negociações com o Governo Municipal, que fosse esse o foro onde se decidisse
sobre a política salarial, sobre o reajuste a ser determinado no ano de 2005 e
nos anos subseqüentes, nós chegamos num momento limite, onde o Governo e sua
Bancada querem votar o Projeto de Lei encaminhado a esta Casa. No nosso
entendimento e no entendimento aferido nas decisões da categoria, trata-se de
um Projeto de Lei que rompeu, que encerrou com o ciclo de negociações, com a
mobilização, desrespeitando a vontade da categoria.
A Bancada do Partido dos Trabalhadores tem o
entendimento de que a conquista da bimestralidade foi importante, fundamental e
exemplar para os trabalhadores do País. Os Municípios acessaram, através da
mudança da legislação federal, novas possibilidades de recursos próprios, como
o ISSQN, como mudanças na base do IPTU, e, quando o Município de Porto Alegre,
com muita seriedade, com muita conseqüência, constituiu essa forma de
arrecadação, estabelecendo em Porto Alegre, por mais de uma década, um equilíbrio
importante nas suas finanças, estabelecendo uma política austera de aplicação
desses recursos, mantendo um nível alto de investimento, os trabalhadores desta
Cidade conseguiram partilhar dessa importante conquista da Cidade. Isso é uma
diferenciação em relação às cidades e aos Estados deste País. A maioria dos
Municípios não aplicou com essa seriedade esse conjunto de impostos permitindo
uma saúde financeira, ao contrário, o que viveu o conjunto dos Municípios nessa
mesma década e o conjunto do funcionalismo deste País nesse mesmo período foi
uma quebradeira do Estado, de arrocho, sim, de arrocho fiscal, de retirada da
ação do Estado público, tanto na esfera municipal, estadual, quanto federal,
nas principais políticas públicas para a população.
Nós, municipários, não; nós compartilhamos com a
Cidade, além de uma participação direta na definição dos investimentos, além do
alto nível de investimento, compartilhamos, sim, por intermédio da política da
bimestralidade os diferentes momentos na conversão para o Real, na construção
das tabelas 1 e 2, que nos davam ganho real em tempo de inflação baixa, que
recuperaram perdas. Claro que com muita luta, com divergências. Nós
participamos desse período, do período profícuo da cidade de Porto Alegre. Esse
período se desequilibrou, é verdade; e nós aqui já refletimos por quê.
Fundamentalmente por políticas que combinaram descentralização de serviços de
responsabilidades com concentração de recursos na União, políticas aplicadas
nos dois Governos de FHC. Essas políticas de municipalização e políticas que
concentraram na União, políticas que desoneraram a exportação com a Lei Kandir,
foram nefastas para as transferências à cidade de Porto Alegre, a Cidade
começou a sentir pesadamente, isso nos três últimos anos.
Mas as condições da Prefeitura.. Enfrentado um
processo eleitoral, o atual Prefeito se comprometeu com a bimestralidade, mesmo
tendo a bimestralidade suspensa pelas condições financeiras, trabalhadas com
transparência com o funcionalismo e com a Cidade; houve promessa de manutenção.
Houve um processo este ano, um processo importante de negociação e mobilização
dos municipários, no qual os municipários foram flexíveis, os municipários
acenaram e aceitaram o reajuste emergencial, voltando a conversar no ano que
vem. O que nós temos hoje é uma situação de um Governo que não aceita dar um
ajuste emergencial e quer, sim, acabar com qualquer resquício dessa importante
conquista, que é a bimestralidade, uma conquista exemplar para os trabalhadores
do País.
A Bancada do Partido dos Trabalhadores, considerando
todo esse processo, posiciona-se contrária ao fim da bimestralidade. Nós
achamos que há condições de se construir um processo de respeito a isso, de
adequação à conjuntura, aos problemas conjunturais. Achamos que a situação da
Prefeitura está melhorando, é possível, sim, abrirem-se os números, é possível
a construção de políticas que melhorem o equilíbrio entre Receita e Despesa e
que o funcionalismo continue participando ativamente dos lucros - no bom
sentido -, dos benefícios disso. Que eles não paguem a conta, como é
tradicional na relação com todos os funcionários neste País. É nesse sentido
que, durante esta tarde, vamos fazer a discussão. Sejam bem-vindos os
funcionários, que a democracia e o respeito ao funcionalismo imperem nesta
tarde. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães,
demais Vereadores, Vereadoras, uma saudação especial aos municipários, às
municipárias, aos aposentados e pensionistas que estão presentes para
acompanhar a discussão, hoje, do reajuste do funcionalismo municipal.
Eu quero, conforme já me manifestei por ocasião da
Tribuna Popular, convidar a todos para participarem, nesse domingo, durante a
manhã, no Brique, das atividades no sentido da prevenção e combate ao câncer de
próstata. Quero, também, estender o convite a todos que aqui se encontram, aos
Srs. Vereadores, Ver. Sebastião Melo, para, hoje à noite, na Assembléia
Legislativa, participarem do lançamento, no Rio Grande do Sul, do filme
“Araguaia, a Conspiração do Silêncio”, será no Auditório Dante Barone, às 20
horas. Estará presente o seu Diretor, Ronaldo Duque, que irá tratar da grande
luta que o povo brasileiro teve, na década de 70, durante o regime militar - o bárbaro regime militar -,
quando os guerrilheiros do Araguaia se levantaram, nas selvas do Araguaia, e,
durante três anos, enfrentaram as tropas da ditadura. Esse episódio da nossa
história ficou escondido, desconhecido durante muitos anos. Até hoje os
arquivos não foram abertos. Existem publicações mais recentes, conseguiram-se alguns
documentos. O filme retrata a saga desses jovens que lá deram a sua vida.
Eu
também queria dizer que houve uma conquista importante da comunidade negra. Nós
conseguimos que fosse efetuada a assinatura do contrato entre a Fundação
Cultural Palmares e o Instituto de Arquitetos do Brasil/Seção do Rio Grande do
Sul, para a realização de um concurso público nacional para a construção do
Memorial aos Lanceiros Negros lá no Cerro de Porongos e para a construção do
Monumento aos Lanceiros Negros aqui no Parque Farroupilha, em frente à
Faculdade de Medicina - local em que esta Casa já aprovou um espaço, um
logradouro denominado Lanceiros Negros -, que rememora a gesta daqueles negros
farroupilhas que tiveram um grande papel na Revolução Farroupilha, mas que, ao
final da luta, no dia 14 de novembro de 1844, foram trucidados através de um
acordo entre o General Canabarro e o General Duque de Caxias.
Eu
não vou tratar agora da questão dos municipários, o grande tema do dia de hoje,
porque falaremos muitas vezes sobre essa questão, já que ela será tratada a
seguir, na Ordem do Dia, depois de passados os demais momentos da Sessão.
Nós
queríamos então trazer a luta que a Federação dos Comerciários do Rio Grande do
Sul vem fazendo. Eles tiveram um contato com o Ministro do Trabalho, em
Brasília, e lançaram a campanha pela revogação do art. 6º da Lei nº 10.101, que
criou o trabalho aos domingos para os comerciários. Nós estamos vivenciando uma
situação hoje em que sequer os feriados pátrios são respeitados. Os comerciários
- principalmente a mulher comerciaria, porque 80% da categoria é de mulheres -
estão submetidos a uma verdadeira escravidão, trabalhando durante a semana,
trabalhando nos domingos, trabalhando nos feriados. Quem saiu no feriado de 15
de novembro pela Cidade pôde observar que os trabalhadores do comércio não têm
mais domingo, não têm mais feriado. É bom lembrar, inclusive, que nas eleições
passadas a Justiça teve que interferir, porque sequer o direito de voto os
trabalhadores do comércio estavam tendo, com a obrigação de trabalharem nos
feriados, nos domingos, nos dias de votação, nos dias de semana, em qualquer
horário. Por isso, queremos nos solidarizar com a campanha que a Federação do
Comércio do Rio Grande do Sul está fazendo, para que se revogue essa legislação
que está amparando esse absurdo contra os trabalhadores. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação a transposição do período de
Comunicações para ingresso imediato na Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
O
SR. IBSEN PINHEIRO (Questão de Ordem):
Atrevo-me a interromper V. Exª para
sustentar o que já sustentei. Embora não tenha tido o acolhimento de V. Exª, é
uma oportunidade que eu não posso dispensar. Esse Requerimento pretende que a
Casa oficie o Poder Executivo, fazendo uma recomendação da matéria à que alude.
Não se encontra no elenco das proposições definidas no Regimento a
possibilidade de a Casa deliberar uma recomendação ao Poder Executivo. Seria
mais ou menos como se o Poder Executivo, amanhã, oficiasse a V. Exª
recomendando alguma conduta para esta Casa. Isso não se compatibiliza com a
harmonia e a independência dos Poderes. Por essa razão, sustentando em Questão
de Ordem, reitero a V. Exª que, escoimando essa matéria da matéria apregoada,
determine a única destinação possível para um Requerimento anti-regimental, que
é o arquivamento.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Ver. Ibsen Pinheiro, respondo ao Vereador. Vossa Excelência já trouxe os
argumentos fundamentados acerca dessa matéria, e esta Presidência indeferiu e
mantém a sua posição de indeferimento, agora acrescentado de um acordo firmado
entre as Lideranças da base do Governo e da oposição, que assim estabeleceram.
Por outro lado, gostaria de trazer à colação que o parágrafo único do art. 55
da Lei Orgânica estabelece (Lê.): “Em defesa do bem comum, a Câmara Municipal
se pronunciará sobre qualquer assunto de interesse público.” Portanto, mantenho
a decisão proferida na primeira vez em que V. Exª, com razões e fundamentos,
fez o questionamento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, mas neste caso “recomendar” não, apenas
“pronunciar”. Nós podemos nos pronunciar a respeito de todos os assuntos que
digam respeito à Cidade, mas o Requerimento fere assim o Regimento, porque nós
não temos autoridade - está certo o Ver. Ibsen - de recomendar que o Executivo
faça isso ou aquilo. É maneira de pensamento.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Eu já firmei o entendimento, não discuto o mérito e os propósitos do
Requerimento.
O
SR. PAULO ODONE (Questão de Ordem):
Presidente, só para esclarecer justamente o acordo encaminhado. Nós tínhamos
acordo para votar só o Projeto, e aqui no Plenário se fez um outro
entendimento, para o qual houve concordância da Verª Sofia, de colocar este
Requerimento em votação - são três encaminhamentos mais o autor - e, em seguida,
o Projeto do Governo para a política salarial. Esse acordo foi fechado, não há
mais nenhum outro pedido que façamos, é assim, fica garantida essa votação.
Embora concordando com os termos com relação ao mérito que o Ver. Ibsen
levantou, também entendo da improcedência desse tipo de votação. O acordo ficou
mantido neste sentido: o encaminhamento e, depois, o Projeto de política
salarial.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Sou
grato a Vossa Excelência.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. N. 239/05 – (Proc. N. 5958/05 – Ver.ª Sofia
Cavedon e outros) – requer seja
oficiado ao Executivo que esta Casa recomenda a retirada de tramitação do
Processo 5866/05 - PLE 023/05. (incluído em 13-10-05)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em
votação o Requerimento nº 239/05 de autoria da Verª Sofia Cavedon e de outros
Vereadores. (Pausa.) A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento nº 239/05.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, municipárias e municipários, do que trata o Requerimento?
Acho que foi bastante razoável conseguirmos acordar, finalmente nos
posicionarmos sobre ele. Este Requerimento foi apregoado em 6 de outubro,
estamos em 17 de novembro, e, naquela ocasião, os municipários, em assembléia
geral massiva, mais de três mil municipários, posicionaram-se contrários ao
envio ou à votação nesta Casa do Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo.
Além de se posicionarem dessa maneira, veio uma representação de funcionários
trazer a sua posição formal ao Presidente da Casa, Ver. Elói Guimarães, dizendo
que consideravam o envio para cá de um Projeto de Lei com o qual a categoria
não tinha acordo um desrespeito ao processo de negociações que vinha
acontecendo com a mobilização de milhares de municipários.
Nesse
sentido, nós formulamos um Requerimento, assinado por várias Bancadas - Bancada
do PCdoB, Bancada do PT; a Verª Maristela Meneghetti, do PFL; a Verª Maristela Maffei,
do PSB; o PMDB assinou -, porque havia uma sensibilidade importante, naquele
momento, de respeito ao encaminhamento da categoria e o entendimento de que o
Governo Municipal deveria resolver com os seus municipários a forma de
encaminhar o reajuste, a política salarial, porque é ele que responde pelas
finanças públicas, quem, em última forma, responde pelos serviços prestados e
tem sob sua responsabilidade a qualificação do funcionalismo e a sua
valorização através do salário também.
Além
disso, este Requerimento, fazendo essa primeira leitura - esse é o primeiro
considerando -, recomenda ao Prefeito Municipal a retirada de tramitação do
Projeto de Lei nº 023/05, que trata da política salarial para os municipários.
Nós
consideramos também dois outros elementos importantíssimos. Um deles é a
posição da categoria, que não está intransigente - não estava naquele momento -
em relação a aceitar um reajuste emergencial e voltar a discutir com o Governo
no início do ano que vem. Essa posição é bem diferente do Projeto de Lei que
vem para cá, que dispõe do reajuste - aquele de cerca de 4% - mas exige,
estabelece em dois artigos o fim de qualquer resquício da bimestralidade.
Portanto esse Projeto diz respeito à vontade da categoria; mais do que isso,
desconhece o esforço de mediação, de flexibilização que a categoria municipária
faz.
Ainda
se considera para este Requerimento, Ver. Dib, que a Procuradoria da Casa deu o
seu Parecer ao Projeto nº 023/05, de reajuste do funcionalismo, afirmando que o
Projeto tecnicamente é incorreto, porque ele é contrário ao que dispõe o art.
121 do Estatuto dos Funcionários Públicos, a Lei nº 133, que estabelece como
bimestral a periodicidade de reajuste dos municipários, portanto é uma Lei
Complementar, e esse Projeto de Lei é uma lei ordinária. A Procuradoria da Casa
assim se posicionou a respeito do próprio Projeto, também tentando evitar um
erro legislativo nosso e recomendando ao Prefeito que também esse problema
possui. Além do desrespeito à categoria, do problema político, de terminar o
processo de diálogo dessa forma, enviando o Projeto à Câmara, há esse problema
técnico, que nós consideramos ainda não superado.
A
intenção do Requerimento a ser votado neste momento, aí eu peço aos nobres
Pares que avaliem, é de recomendar, sim, ao Executivo que retire o Processo,
que construa com a categoria. Então, sim, esta Câmara será a avalizadora de um
reajuste de uma política salarial que seja resultado da categoria mobilizada e
dialogando com o Governo. Dessa maneira, nós achamos que contribuímos, pelo
rico processo, pela bonita história que os municipários têm feito nesta Cidade,
não só na luta, mas também no trabalho que realizam, no exemplo que são de
Cidade que presta um serviço de qualidade, no exemplo que são de funcionários que
têm compromisso com o seu trabalho e também demonstram esse compromisso na
luta. Obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª
Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento
nº 239/05.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Exmo
Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e
senhores que estão nesta Casa hoje, meu respeito aos municipários, às
municipárias, eu quero trazer parte de um discurso que fiz nesta tribuna,
quando me referi ao Orçamento 2006.
Conforme matéria de um jornal de grande circulação
de Porto Alegre, em 1º de fevereiro de 2005, eu dizia que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre anunciava a intenção de uma grande terceirização do
serviço público, ao contrário do que o Governo havia dito em campanha
eleitoral, de que iria valorizar e promover a recuperação econômica dos
salários dos funcionários. As inverdades, na verdade, tinham um objetivo
criterioso, e agora isso ficou mais claro com a apresentação do Projeto de Lei
do Orçamento de 2006: eles irão gastar mais de cinco milhões e meio de reais em
terceirização ou em contratações terceirizadas para a reestruturação da máquina
administrativa de Porto Alegre.
Eu quero trazer duas questões para os senhores e as senhoras. Primeiro, eu
serei Relatora no ano de 2006. Como diz o Ver. João Dib, Relator relata, só que
Relator, em nenhuma instância da Terra, deixa de ser neutro, seja qual for o
seu Partido. Eu vou obedecer a todos os critérios legais, porém há duas coisas
de que não podemos abrir mão: nós temos que manter e tem que aparecer no
Orçamento - agora está vindo uma Retificativa, nem tivemos tempo de olhá-la - a
bimestralidade do funcionalismo público. Isso é um direito sagrado, e já disse
aqui a Verª Sofia Cavedon...
(Palmas.)
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. MARISTELA MAFFEI: ... que essa perda é ilegal. Portanto,
negociar, discutir, sentar à mesa é o que nós estamos fazendo aqui. Já que não
é respeitada uma mesa de negociação, o Parlamento vai fazer com que isso
aconteça. O Requerimento da nobre Vereadora está solicitando isso. Nós queremos
que se façam valer aqui as decisões, as discussões do Fórum com o Executivo.
Bom, se a mesa tem que ser a Câmara, nós serviremos de mesa, para ajudar a
arredondar este momento, ajudar a estabelecer o índice que temos que garantir.
Em
segundo lugar, nós denunciamos que o Orçamento Participativo estava sendo
destruído. E a gente percebe de forma muito clara que no Orçamento, quanto às
demandas, não têm sido respeitadas as decisões, estão sendo forçados os
Vereadores, inclusive os de esquerda desta Casa, que estão entrando no jogo de
trazer demandas que são do Orçamento Participativo para serem aprovadas no
Orçamento nesta Casa. Isso é um engodo como o que fizeram com vocês! E, como
Relatora, com certeza... Qual será a opinião sobre cada Emenda que for
contraditória ao projeto de vida e constitucional, que é maior do que a vontade
momentânea de algumas pessoas?
Portanto,
senhoras e senhores, o PSB vai votar, sim, vai continuar com a coerência junto
à Frente Popular em tudo aquilo que nós temos que garantir em nome da
democracia, da liberdade de expressão e de organização dos trabalhadores e, em
especial, das trabalhadoras. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 239/05.
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Ver.
João Antonio Dib, eu vou assegurar o tempo de V. Exª e pedir aos caríssimos
servidores, funcionários municipais, para que ofereçam as condições materiais
para que possamos aqui, democraticamente, decidir esta matéria. Obrigado.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Agradeço, Sr. Presidente; agradeço aos
meus colegas municipários, porque eu também sou municipário...
(Manifestações
nas galerias.)
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu vou continuar sendo responsável...
Vou afirmar a V. Exª que, no entendimento deste Vereador, o Requerimento não
pode ser votado, porque ele seria inócuo, mesmo que aprovado fosse. Então, nós
estamos é perdendo tempo. Os municipários querem reposição salarial! Nós temos
que dar a eles a reposição salarial!
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento nº 239/05. Eu insisto no pedido de
colaboração.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, colegas Vereadoras,
colegas Vereadores, cidadãs, cidadãos de Porto Alegre, caros servidores e
servidoras, inócua é a lengalenga, inócuo é o vaivém de discussões infindáveis
no sentido de determinarmos se a gente vota ou não vota, se entra ou não na
Ordem do Dia. Isso é inócuo! A gente perde tempo, e o povo também perde.
Eu
tenho aqui, no jornal do Simpa, uma entrevista do Ver. João Antonio Dib sobre a
bimestralidade. Feita a pergunta, o Ver. João Antonio Dib diz: “A política da
bimestralidade é uma lei e, como tal, deve ser cumprida.” Não sou eu que digo;
é um ex-Prefeito de Porto Alegre, que já esteve sentado no outro lado do
balcão, que é servidor público, que tem mais de trinta anos de Câmara, quem
diz. Não é o Ver. Adeli Sell, é o Ver. João Antonio Dib que diz: “A política da
bimestralidade é uma lei e, como tal, deve ser cumprida.” (Palmas.)
Em
primeiro lugar, o Executivo errou e erra quando manda para cá um Projeto de Lei
Ordinária para modificar uma lei complementar. É um erro gravíssimo do ponto de
vista jurídico, e esta Casa é uma Casa que estuda e debate leis. Eu fui a pessoa
que, desde o início, disse: “Façam uma retificação, porque os senhores e as
senhoras cometem o primeiro erro, do ponto de vista legal, e aqui há que se
fazer leis que depois não possam ser contestadas do ponto de vista legal”. Nós
estamos solicitando ao Governo que retire o Projeto e retome as negociações.
Eu
vou usar o meu tempo para falar de uma questão que muitos, aqui nesta Casa, não
querem discutir: por que temos tão pouco dinheiro no caixa de Prefeitura? Há
anos a gente tem facilidade brutal para discutir sobre os gastos, mas ninguém
discute a arrecadação, porque esta é uma das capitais onde há a maior sonegação
de impostos do Brasil, a começar pela incompetência da Secretaria Estadual da
Fazenda, que não cobra ICMS de muita gente, e, portanto, os 25% que devem
entrar no caixa de Prefeitura são esse miserê. Eu denunciei, várias vezes,
inclusive quando eu era da situação - está nas Atas, é só pesquisar! -, que com
esse dinheiro nós poderíamos, sim, bancar um conjunto de questões importantes
da Cidade, como a bimestralidade e um conjunto de reivindicações que as
senhoras servidoras e os senhores servidores estão fazendo, como poderíamos
também resolver alguns outros problemas como, por exemplo, pintar as faixas de
segurança da Cidade, que não estão sendo pintadas há muito tempo.
Então, nós temos que
discutir, sim, a arrecadação. Eu já sinalizei isso ao novo Secretário da
Fazenda, que, por sinal, várias vezes discutiu conosco, a bem da verdade. Nós
temos outros setores em Porto Alegre, como o de serviços, que não arrecadam
nada. Se um Secretário da Fazenda, se o Município, se os governantes quiserem
arrecadar e ter dinheiro, abram as páginas de anúncios classificados nos
jornais durante a semana e nos finais de semana e verão quanta maracutaia
existe nesta Cidade! E falta dinheiro para o servidor!
Por isso queremos
postergar esse debate, reabrir a negociação e resolver o problema que todos
estão aqui esperando que seja resolvido. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra
para encaminhar a votação do Requerimento nº 239/05.
A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, toda a categoria municipária que está aqui hoje,
nós temos debatido o tema da bimestralidade durante todo este ano aqui na
Câmara, temos debatido também na sociedade para além do tempo que - são 11
meses - estamos aqui na Câmara.
O
ano passado foi um ano de intensas mobilizações da categoria. Se nós nos
recordarmos, justamente, no período das eleições, essa categoria não se deixou
calar, essa categoria foi para as ruas e fez a mesma luta que permanece fazendo
até hoje. Portanto, é coerente com aquilo que sempre defendeu. Agora, a
diferença brutal que temos de um momento para o outro está justamente naquilo
que as nossas autoridades dizem.
Na
semana passada, Ver. Nereu - que está ouvindo atentamente -, eu fiz um debate
nesta tribuna com relação à palavra empenhada das autoridades do nosso País, do
nosso Estado, do nosso Município. Virou regra falar algo e fazer diferente;
virou regra prometer algo e não cumprir. E dizia justamente que não temos a
obrigação de prometer. (Palmas.) Mas, se prometemos, temos, sim, a obrigação de
cumprir, não prometemos com a faca no pescoço, não prometemos sob tortura,
prometemos porque tivemos a vontade política de prometer. E essa promessa foi
do Prefeito Municipal, do mais alto cargo do Município de Porto Alegre, um
homem que representa toda a população do Município; ele diz algo e faz diferente.
Foram as palavras dele, não são palavras colocadas na boca do Sr. Prefeito,
foram palavras que ele expressou por livre e espontânea vontade, dizendo que
manteria esse direito, que continuaria dando reajuste bimestral. Aliás, Ver.
Dib, no site da Prefeitura, o inciso III do art. 121 está equivocado, o site
da Câmara tem a legislação como ela é de fato. É mantida a redação, é
mantida a indexação no site da nossa Câmara; se formos no site da
Prefeitura, veremos que está equivocada a redação.
Mas
o Prefeito disse, e qual não foi a nossa surpresa? Há dois erros. O primeiro
foi no aspecto legal, a prova é que a Procuradoria desta Casa reconhece esse
erro. O Prefeito tenta alterar algo que não pode ser alterado por lei
ordinária, envia a esta Casa uma lei ordinária para alterar uma lei
complementar. Isso, se aprovado por este Plenário, significa que não temos a
menor preocupação em fazer leis como elas devem ser feitas, e esqueçam o
mérito, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, num primeiro momento. Nós, que somos
pagos por este povo para fazer leis, fazemos leis de qualquer maneira? Nós não
precisamos ter responsabilidade jurídica? Quantos advogados temos nos gabinetes
desta Casa para não cometermos esses erros? E, quando os cometemos - os
Vereadores, e não o Executivo -, esses erros são levantados pela Procuradora da
Casa, como ocorreu dessa vez. Portanto, esse é o primeiro erro.
E
o segundo erro, senhores e senhoras, que traz sentido para que tenhamos de
votar este Requerimento, que traz sentido para que tenhamos de sugerir ao
Prefeito que retire este Projeto de tramitação, é um erro político.
O
primeiro é o de falar e não cumprir, é brutal, isso é o que tira a
credibilidade de todos e de todas nós; o segundo, um erro político gravíssimo,
é o de interromper as negociações com a categoria organizada, com a categoria
que conseguiu se organizar para além dos problemas objetivos que enfrenta no
seu Sindicato. A categoria soube se organizar a partir do Fórum de Entidades,
soube fazer luta a partir desse Fórum, e o Prefeito ou o Governo, do dia para a
noite, envia um Projeto para a Câmara de Vereadores, que passa com o art. 81,
não passa por Comissão nenhuma, tentando retirar os direitos dos trabalhadores.
E mais: não reconhece nem que deve muito além do que quer dar de reajuste e
ainda por cima interrompe, de maneira unilateral, as negociações com a
categoria.
É
muito bonito dizer que foram feitas 26 reuniões, é muito bonito dizer que se
fizeram 26 reuniões, Ver. Sebastião Melo! O problema é que reunir por reunir
não adianta, tem de ter vontade política para olhar e para ceder, tem de ter
vontade política! E os municipários tiveram essa vontade política, os
municipários souberam, inclusive, não ser estreitos como poderiam ter sido,
abriram o diálogo, permaneceram dialogando incansavelmente; a estreiteza passou
pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a falta de diálogo passou pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A palavra dada e não cumprida - o que,
aliás, virou regra aqui em Porto Alegre -, parece-me, também passou pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Por
isso, sim, temos de encaminhar este pedido de retirada ao Prefeito Municipal,
temos de fazer com que a negociação permaneça, porque são os trabalhadores
organizados junto com o Executivo que têm de pautar o futuro dessa categoria
que constrói a cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Em votação nominal, solicitada pela Presidência, o Requerimento nº 239/05.
(Após a apuração nominal.) REJEITADO por 11 votos SIM, 19 votos NÃO
e 01 ABSTENÇÃO.
(Manifestações nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Eu quero pedir, e vou insistir, que os senhores servidores e servidoras criem
as condições para que, democraticamente, a Sessão delibere, para que a Câmara,
democraticamente, delibere. E ao cidadão que está nas galerias - não vou
identificá-lo neste momento -, que jogou qualquer coisa no plenário: se voltar
a insistir, nós tomaremos as providências.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
N. 5866/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 023/05, que dispõe sobre a política salarial dos
servidores do Município de Porto Alegre
e dá outras providências. Com
Mensagem Retificativa. Com Emendas nos. 01 e 02.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, III da LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 17-11-05.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
este Projeto de Lei tem a nossa discordância, primeiro, porque não foi acordado
com a categoria. A prática de os projetos serem mandados para o Legislativo,
desrespeitando a relação funcionário e Governo, não é uma prática que está à
altura do processo que Porto Alegre já viveu com os seus funcionários. Não está à altura. Colocar que os
funcionários são impotentes, que a decisão não está com eles, que eles não têm
o direito de dialogar e estabelecer com o seu Governo qual é, afinal, a
caminhada de valorização que vai se estabelecer é uma novidade que não se
aceita para Porto Alegre.
Nós
já fizemos, já vivemos, em vários lados, muitas greves, paralisações; já
tivemos muitos momentos duros com o funcionalismo. E eles demonstraram, como
nunca neste ano... Porque, se nós vamos comparar a mobilização do ano passado,
que era sobre o mesmo tema, ela aconteceu com menos tempo de suspensão da
bimestralidade. Era uma situação muito mais dura do Município, que o próprio
Município tem divulgado, o Ver. Dib sabe bem. Os índices de gastos com pessoal
já estão bem menores em relação aos do ano passado, aos do ano retrasado. São
índices que já permitem reajuste com segurança dentro da margem estabelecida
pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Se compararmos as mobilizações do ano
passado, a indignação do funcionalismo, nós vamos ver que este ano os
funcionários estão compreendendo que é o primeiro ano do Governo Fogaça.
Mobilizaram-se, sim, mas fizeram propostas alternativas, indicaram apenas a
aceitação do reajuste emergencial e o reajuste do vale, e não tem havido
diálogo, sensibilidade do Governo Municipal.
O
Projeto de Lei que discutimos agora exige o fim da bimestralidade na lei. E,
vejam, os municipários não estão exigindo, porque estariam em greve; não estão
exigindo o imediato cumprimento da bimestralidade. Negociaram, sim, ao indicar
alternativas nas suas decisões na assembléia, mas não querem perder o que é uma
conquista fundamental, porque logo ali, continuando a recomposição das Receitas
como ocorre, o equilíbrio como está, será possível à Prefeitura voltar a honrar
a bimestralmente.
Por
que, então, o Governo Fogaça, que prometeu em campanha manter a bimestralidade,
exige, através desta lei, o fim da lei da bimestralidade? E exige
desrespeitando, inclusive. Faz um Projeto de Lei Ordinária e quer mexer numa
coisa sagrada, que é o Estatuto do Funcionário Público Municipal. E ele está
preservado, sim, Ver. Dib. Nós fomos procurar a redação da Lei Complementar nº
186, e o inciso II do art. 21 diz: “O valor do padrão I referencial será fixado
bimestralmente, e seus reajustes serão iguais no mínimo aos índices oficiais de
inflação no respectivo período.” O que foi considerado inconstitucional foi o
ICV do DIEESE. Nós fizemos uma greve de dezessete dias para manter o ICV, e era
um período em que o ICV do DIEESE estava dando muito diferente dos outros
índices. O ICV era para nós uma luta histórica, porque reconhecemos o DIEESE
como um instituto que tem compromisso com os trabalhadores. Portanto, está
mantida a conquista na lei, e não será a votação de uma lei ordinária que vai
romper com essa conquista.
A Bancada do Partido dos Trabalhadores apresentou,
junto com a Bancada do PSB e do PCdoB, duas Emendas coletivas que tentam
resgatar, através desta lei... São duas Emendas singelas, mas que transformam
esta lei numa lei apenas para reajuste deste ano, define um reajuste
emergencial e não mexe no que está estabelecido em termos de bimestralidade em
duas leis ordinárias e no nosso Estatuto. Ver. Paulo Odone, que representa a
base do Governo, as duas Emendas da Frente Popular, de novo, fazem um esforço
para dialogar, não inviabilizam o Governo, porque concordam com o que está
escrito na lei sobre o reajuste - reajuste parcelado, retroativo a maio, no
início do ano que vem -, mas retiram os dispositivos da lei que acabam com a
bimestralidade. Parece-me bem razoável, a Frente Popular veio conversar, negociar
e quer intermediar, já que não houve forma de o Governo construir com a
categoria. Então, eu espero sensibilidade, as três Bancadas esperam
sensibilidade às Emendas, porque são Emendas que corrigem, Emendas que
respeitam a categoria e não inviabilizam o Governo. Há mais uma oportunidade
aqui de a base do Governo ajudar a corrigir o erro que o Prefeito Fogaça comete
ao enviar um Projeto exigindo o fim da bimestralidade. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª
Margarete Moraes está com a palavra para discutir o PLE n° 023/05.
A SRA. MARGARETE MORAES: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero cumprimentar, com muita
sinceridade, os municipários aqui presentes, porque eles vêm, hoje, olho no
olho, acompanhar o trabalho dos seus Vereadores. E a sua presença vai detectar
também se há coerência entre aquilo que as pessoas pensam e aquilo que as
pessoas dizem e fazem, e como votam os seus Vereadores, porque, infelizmente, a
maioria das pessoas desta Cidade não tem acesso ao Canal 16.
Na
condição de ex-Conselheira do CPERS e sindicalista, na condição de ter sido,
com muito orgulho, Secretária Municipal da Cultura, eu quero valorizar o
tratamento respeitoso que a Administração Popular sempre dedicou aos servidores
municipais, sempre ouvindo, com muita atenção, as suas demandas legítimas, que
foram negociadas dentro do possível.
Com
todo o respeito ao Ver. Ibsen Pinheiro, quero dizer que não procede a sua
argumentação em relação ao nosso Requerimento, que foi rejeitado nesta Casa,
porque os Poderes Executivo e Legislativo são independentes e harmônicos.
Portanto, cabe ao Legislativo recomendar, porque, se não pudéssemos recomendar,
não poderíamos também autorizar o Executivo em relação aos nossos Projetos.
Além de fiscalizar e legislar, qual é a função de um Vereador? Nesse caso,
achamos que temos uma função fundamental a cumprir, que é a mediação nesse
conflito, porque as negociações com o Executivo e com os municipários não se
concluíram. Em plena negociação, o Executivo manda um Projeto definitivo e
autoritário para esta Casa votar, e assim, com um “canetaço”, quer resolver, em
uma só medida, pelos quatro anos, a situação salarial dos funcionários. Mas uma
negociação supõe ouvir os dois lados, supõe sentar, ouvir e construir
alternativas conjuntas entre o Fórum das Entidades e o Executivo, significa
construir uma pauta mínima de negociação, que não está acontecendo.
Nós
nos colocamos pelo Requerimento; perdemos, mas queremos manifestar que este
Projeto é autoritário e desrespeitoso, porquanto as negociações não se
concluíram. Nós reconhecemos na nossa Administração que havia um passivo
reconhecido; foi sujeito à Lei de Responsabilidade Fiscal. Hoje, o caso é
totalmente diferente. A margem prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal não
foi afetada, e há outros índices de negociação. E o Prefeito Fogaça, na revista
da Aiamu, depois de eleito - já era Prefeito -, garantiu a bimestralidade.
Quando
eu era Presidenta, no ano passado, recebemos os funcionários, a turma do PREVIMPA, que
eram absolutamente inflados por alguns Vereadores da oposição, na época, com
muito mais radicalidade e com muito mais grosseria. Nós, da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, mantemos a nossa coerência, nunca questionamos a presença de
quem quer que seja, pois esta é a Casa do Povo, vocês devem ser sempre
bem-vindos. E a nossa posição, neste momento, como disse a nossa Líder Sofia, é
de não fechar negociações, não fechar a bimestralidade definitivamente; os
municipários precisam e querem esse aumento emergencial - é evidente que querem
e precisam -, mas querem continuar negociando com o Governo quem sabe novas
formas de bimestralidade, não querem fechar essa janela e essa possibilidade da
bimestralidade que o nosso Governo garantiu por mais de catorze anos. Isso é um
dado, isso é um fato, não é uma interpretação, e temos muito orgulho disso. Em
plena crise, o Governo Municipal de Porto Alegre, na Administração Popular,
garantiu a bimestralidade por mais de catorze anos, e é com essa história que
vimos aqui, com a nossa coerência, nos colocar a favor dos municipários de
Porto Alegre, dos servidores, neste momento. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores e, de forma muito especial, servidores municipais, que tanta
contribuição têm dado a esta Cidade ao longo de sua história. Nós, Vereadores,
Prefeitos, somos passageiros nos cargos, e os servidores são permanentes;
portanto, a vocês o nosso reconhecimento.
Quero dizer que essa
luta é uma luta justa, que os senhores estão no seu poder de pressão legítimo,
porque a democracia que nós ajudamos a construir é a democracia que estabeleceu
como um dos princípios básicos o contraditório. Porém quero, se me permitem,
entrar no mérito dessa questão, analisando com os senhores o seguinte contexto:
em primeiro lugar, disse aqui a Verª Sofia - a qual respeito muito - que o Governo
não tem diálogo. Olha, eu poderia dizer a V. Exª que o seu Governo cortou a
bimestralidade sem dialogar com os funcionários, pois, pelo que sei, não houve
nenhuma consulta aos funcionários em maio de 2003. Eu não acredito que a Frente
Popular, Vereadores Professor Garcia e Odone, deixou de pagar a bimestralidade
por maldade, porque o Prefeito João Verle muitas vezes aqui nesta tribuna e
muitas vezes lá na Prefeitura dizia...
(Manifestações nas galerias.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, eu quero ter a garantia democrática de desenvolver o meu
raciocínio. Eu respeito as manifestações contrárias, mas acho que esse é um
princípio da democracia.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu paro o
tempo de Vossa Excelência. Novamente solicito às galerias que mantenham a ordem
para que tenhamos condições de trabalhar aqui nesta Casa. Ver. Sebastião Melo,
está mantida a palavra a Vossa Excelência.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Há algumas
questões para analisar. Há uma lei infraconstitucional, chamada Lei de
Responsabilidade Fiscal, que estabelece um teto para os gastos com
funcionários. Isso não foi estabelecido por Porto Alegre, essa é uma lei
federal que diz respeito a todos os Municípios. E essa questão precisa ser
tratada ao analisar esta matéria. O gasto limite com os Municípios é de 54%,
mas o teto, o sinal amarelo, é em torno de 51%. Quanto é que Porto Alegre,
hoje, gasta das Receitas liquidas? Quarenta e nove e lá vai alguma coisa, quase
50%. Portanto está quase no limite.
Segundo lugar, o IGP-M, como os senhores sabem, é
um índice indexador, e a cesta básica está lincada diretamente ao dólar. Nós
sabemos que a economia tem tido, por parte do Governo Federal, uma política de
dólar baixo. O IPCA deste ano vai dar 4,51%; o IGP-M vai dar 1,5%. Os senhores
- quero reafirmar - estão equivocados numa outra coisa, o Governo está dizendo
o seguinte: “Vou conceder 4,51%, e, a partir do ano que vem, o índice indexador
anual é o IPCA. Se a receita, através do reaparelhamento da máquina, for maior
do que o IPCA, vamos conceder mais que o IPCA.” É o que assume o Governo! É o
que diz o Governo, é o que nós estamos aqui a sustentar. Por isso, quero dizer
com muita tranqüilidade e responder... Alguém disse, Ver. Luiz Braz, que as
negociações estão suspensas. Claro que não! As negociações continuam.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu vou pedir
novamente aos funcionários e funcionárias que mantenham a ordem.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu acho, com
todo o respeito... Vocês conhecem a minha posição, fui oposição firme aqui.
Agora, ver a Frente Popular, que tem como âncora neste País um Governo
neoliberal recauchutado, que oferece 0,1% de reajuste para os servidores
federais...
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu vou pedir
novamente aos senhores funcionários e funcionárias que colaborem.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente,
esta aqui é a Casa do Povo...
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão suspensos
os trabalhos para que se restabeleça a ordem nas galerias.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h34min.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 16h35min): Estão reabertos os trabalhos.
Novamente, vou pedir a
colaboração ao funcionalismo, pois o Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, eu disse antes e reafirmo agora: posso não concordar com nenhuma
palavra de quem quer que seja que esteja aqui, de tudo que falaram a tarde
toda, mas vou ter a delicadeza de ouvir tudo, porque assim eu acho que é a
democracia - nós ouvirmos o contrário e formarmos um juízo de valor.
Quem
governou esta Cidade durante dezesseis anos, que fez coisas importantes - nós
reconhecemos -, vir com esse discurso fácil aqui em cima, justamente o Partido que
tem como âncora neste País um Governo Federal que dá 0,1% de aumento!? A Frente
Popular deveria chegar aqui e dizer: “Nós deixamos 175 milhões de rombo na
Prefeitura!” As finanças do Município de Porto Alegre ficaram liquidadas! O
Governo, de forma responsável, está dizendo: “Eu vou repor, pela inflação, os
4,51%; vou, a partir do ano que vem, conceder a reposição pelo IPCA!” Ora, Sr.
Presidente, acho que esse é um bom diálogo. Eu quero dizer, com toda a
tranqüilidade, que, dos 25 mil funcionários, a grande maioria não pensa dessa
forma, a grande maioria não procede dessa forma, a grande maioria sempre esteve
à disposição do diálogo.
Por
isso, nós queremos dizer e sustentar que, se essa questão fosse fácil, Sr.
Presidente, a Frente Popular não teria deixado de pagar a bimestralidade a
partir de maio de 2003! A Câmara Municipal não precisaria ter intervindo, por
várias vezes, no sentido de o Prefeito João Verle receber os movimentos
sindicais dos municipários! Portanto, estamos com a consciência tranqüila ao
dizer que este Projeto não é acabado, não é pronto, é um Projeto que, sem
dúvida alguma, tem um referencial, que é o IPCA, que repõe este período do
Governo Fogaça e marca por meio do IPCA ou pela produtividade da Fazenda.
Portanto, estamos tranqüilos quando sustentamos, com muita firmeza, a posição
deste Projeto do Governo Municipal. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A
Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, funcionários públicos
municipais que estão conosco nesta tarde, é bem verdade, Ver. Sebastião Melo,
que nós, o Governo da Frente Popular, em maio de 2003, suspendemos a
bimestralidade por uma questão legal, por causa da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Pagamos um ônus por isso e, hoje, lamentamos. Por diversas vezes, nós
estivemos ao lado dos funcionários, tentando uma renegociação, através da nossa
Liderança, da nossa Bancada, inclusive aqui nesta Casa. Nós enfrentamos o
debate, dizíamos que havia dificuldades na Prefeitura do Município de Porto
Alegre e que, portanto, seria suspensa - assim como o foi - a bimestralidade.
Mas jamais nós dissemos - principalmente os nossos candidatos na campanha
eleitoral - que iríamos acabar com a bimestralidade! Os nossos candidatos
jamais colocaram, ou disseram, ou enganaram os funcionários públicos frente a
essa questão salarial, como de fato acontece com o outro candidato!
Aliás,
eu acho que estamos cometendo uma grande injustiça com o Prefeito Fogaça,
quando o chamamos de incoerente, pois ele afirmou na tribuna do Senado Federal
que ninguém vence uma eleição dizendo a verdade. Então, ele está, agora, apenas
cumprindo o que ele falou durante a sua campanha!
(Manifestações
nas galerias.)
A SRA. MARIA CELESTE: O que está acontecendo, de fato, é isto:
ele mantém a coerência, porque o discurso dele, na campanha eleitoral, era
um... Aliás, aquela frase ali, Ver. Sebastião Melo, é de março de 2005! O
compromisso do Prefeito com os funcionários públicos municipais da Cidade é de
março de 2005, diferente do que nós vínhamos construindo e falando. E, agora,
na maior cara de pau, vem um Projeto para esta Casa acabando com um direito
conquistado pelos funcionários públicos da Cidade! Um direito conquistado por
cada funcionário, por cada mulher, por cada homem que trabalha na Prefeitura
Municipal de Porto Alegre! Um direito garantido em lei, e vem a proposta de uma
reposição anual de 4,51%, se não me engano, paga em duas parcelas.
É
essa a proposta que está em jogo, é disso que nós estamos falando, do que foi
colocado durante a campanha eleitoral. Dizia-se que havia possibilidade e que o
candidato da Frente Popular estava enganando os funcionários públicos, quando
teve que suspender o pagamento que, ao longo de catorze anos, foi feito nesta
Cidade. Aliás, era uma lei de outro Governo, mas honramos o compromisso.
Lamentavelmente tivemos, por contingência da Lei de Responsabilidade Fiscal, de
suspender a bimestralidade, mas tínhamos o compromisso de, saneadas as Contas
da Prefeitura, retornarmos a ela, para manter aquilo que foi conquistado
durante catorze anos.
Lamentavelmente
não vencemos a eleição, e o outro candidato expôs-se, disse que manteria a
bimestralidade e, agora, diz que não tem condições, que com as Contas da
Prefeitura não consegue pagar a promessa de campanha. Ora, ele só está mantendo
a coerência, eu quero reafirmar isso. Quem afirmou que, durante o período
eleitoral, para ganhar uma eleição, não precisa dizer a verdade, como é que
fica agora para manter o compromisso com os funcionários públicos municipais da
cidade de Porto Alegre?
Sr. Prefeito, retire este Projeto desta Casa, retome
as negociações com o Fórum das Entidades, aí sim teremos a coerência de fato e
a verdade estabelecida na cidade de Porto Alegre. Muito obrigada, Sr.
Presidente. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLE n° 023/05.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; demais Vereadores e Vereadoras,
principalmente a combativa categoria municipária, que, apesar de estar com o
Sindicato em grandes dificuldades, aqui está de forma ativa, dando a sua voz, a
sua palavra.
Eu
queria começar examinando, deixando claro qual é o teor da proposta que nós
estamos votando, Ver. Odone. Primeiro, o Governo nos traz a proposta de
um reajuste emergencial de 4,51% a ser pago em duas parcelas: a primeira
parcela a partir de 1º de maio, de 2,42%; a segunda parcela, por conta de uma
inflação que ainda haverá, de 2,09% a partir de 1º de janeiro. Em troca desse
reajuste, pretende o Projeto do Governo acabar com a bimestralidade - certo?-
sem nada em troca. Não reconhece as perdas salariais que, segundo os
municipários, já chegam a praticamente 19%, que ficam esquecidas, porque o
Projeto termina com a bimestralidade - pretende, eu quero acentuar -, mas não
diz nada sobre o passado. Em terceiro lugar, não dá nenhum reajuste, tampouco
ao vale-refeição, que é uma demanda natural, legítima dos trabalhadores.
Isso posto, este Projeto, em primeiro lugar, Ver.
Dib, é equivocado do ponto de vista formal. Ele é uma lei ordinária - talvez
nos dois sentidos da palavra (Palmas.) - que pretende acabar com a
bimestralidade. Só que há um detalhe, a bimestralidade é criada pela Lei
Complementar nº 133/85, que é o Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais,
e essa lei está em vigor. As que estão sendo, digamos assim, revogadas são as
Leis nºs 7.428 e 7.539. E alega o Ver. Dib, equivocadamente - e é um Vereador
estudioso, mas dessa vez se equivocou de forma grosseira -, que existe um
julgamento do Supremo Tribunal Federal que teria revogado o art. 121 do Estatuto dos Funcionários Públicos
Municipais.
Ver.
Dib, estou aqui com o voto vencedor do Juiz Nelson Jobim, estudei com carinho
isso aqui e só vou chamar atenção, porque talvez V. Exª esteja pesquisando o site
da Prefeitura, e lá, evidentemente, não está a realidade. O que diz a Ementa?
Inconstitucionalidade do art. 7º e seus parágrafos da Lei nº 7.428 com as
modificações introduzidas pelo art. 2º da Lei nº 7.539 - não fala na Lei nº
133/85, o Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais, que continua em vigor!
O que diz a Lei nº 7.428 no art. 7º? Que o IRV será determinado bimestralmente.
A única coisa que foi declarada inconstitucional é o índice! A bimestralidade
continua e continuará, isso que é o importante, senhores servidores!
Continuará! Mesmo que esta Casa na tarde de hoje aprove o Projeto do Governo
Municipal, estará aprovando uma lei ordinária que não derruba a Lei
Complementar nº 133/85, e a categoria vencerá na Justiça.
Consulto
se algum Vereador da base da oposição me cede seu tempo.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05, por
cedência de tempo da Verª Maristela Maffei.
O
SR. RAUL CARRION: Muito
obrigado, Verª Maristela.
Então,
companheiros, eu queria aprofundar essa questão, porque tem sido a pedra de
toque do Ver. Dib, um Vereador que quero ter do nosso lado para lutar junto com
os municipários, porque ele, inclusive, é um servidor público municipal. Ver.
Dib, darei a V. Exª a decisão do Supremo Tribunal Federal para que estude. Ele
só tratou das duas leis que o Governo pretende revogar, que são leis
ordinárias, que não têm poder, assim como essas que nós estamos votando hoje,
elas não têm poder de revogar a bimestralidade.
E
o que diz a Lei Complementar nº 7.539 no seu art. 8º? (Lê.) “Fica assegurado o
pagamento antecipado do reajuste bimestral quando a variação no indexador
superar 10%.” Então essas duas leis tratam da instrumentalização da
bimestralidade, mas a bimestralidade não foi criada por nenhuma dessas duas
leis, foi criada pela Lei Complementar nº 133/85. Portanto, a declaração de
inconstitucionalidade não afeta a Lei Complementar nº 133/85.
Mas
eu não queria ficar só no aspecto legal, quero lembrar aqui que o que está em discussão
também é o compromisso, Ver. Odone, do Prefeito Municipal, o que está em jogo é
a sua palavra. Eu tenho aqui o jornal da Astec - Associação dos Técnicos de
Nível Superior do Município de Porto Alegre. (Mostra o Jornal.) Aqui há uma
entrevista com o Prefeito José Fogaça, e, ao perguntarem a ele sobre essa
questão da política salarial, Presidente Elói, o Prefeito disse (Lê.): “A
bimestralidade” - palavras do Prefeito Fogaça - “é um direito dos funcionários,
assim como a reposição das perdas salariais asseguradas em lei. A atual
administração alega” - a administração anterior - “que a falta de reajuste do
funcionalismo municipal decorre de os gastos com o pessoal terem atingido o
limite da Lei de Responsabilidade Fiscal”, ou seja, reconhece que, havendo a
possibilidade, a bimestralidade será mantida, o reconhecimento das perdas será
mantido. Nós temos também aqui o jornal da Aiamu - até na capa está o nosso
Prefeito. Então o que diz o Sr. Prefeito também? “A bimestralidade está na lei.
Nós temos de cumprir, e, havendo folga do ponto de vista da Lei de
Responsabilidade Fiscal, nós vamos cumprir”.
E
o que estamos vendo agora? Quer dizer, duas entrevistas são compromissos. Os
compromissos são assumidos e são promessas de campanha, têm que ser cumpridos.
Por
fim, nós queríamos dizer que, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, os cálculos
feitos indicam que seria possível, pelo menos considerado o limite de risco de
51,3% para a Responsabilidade Fiscal, 6,71% de reajuste. E, se fosse
considerado um limite de 54%, poderia ser 12,33%.
Esta
Casa aprovou o Refis, que está em andamento para recuperar recursos para o
fisco.
Então,
nós queremos aprovar os 4,51%, revogar o art. 8º, para que continue a
bimestralidade, sem discussão, e queremos que haja continuidade da negociação
entre os funcionários públicos municipais, para que se encontre uma política
salarial adequada.
Vamos
à luta e venceremos. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra
para discutir o PLE nº 023/05.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, municipários, público que nos acompanha pelo Canal
16, para todos nós hoje é um dia, de uma certa forma, histórico - nada como um
dia após o outro. No passado nós ouvíamos aqui principalmente do PDT - e é de
extrema importância essa provocação - que eles eram “o pai da criança”, que
foram eles que instituíram a bimestralidade em Porto Alegre. O PDT vota com
quem hoje? Vota com os municipários ou vota com o Governo? Eu queria saber quem
está com os municipários hoje. As Bancadas devem-se manifestar publicamente. No
passado era um discurso, por que hoje mudou? (Palmas.)
O
Projeto de Lei autoriza um reajuste pago em duas parcelas, como falou muito bem
aqui o Ver. Raul Carrion, mais uma parcela retroativa a maio. E a que será paga
em janeiro é retroativa a maio? Se retroativa a maio, como fica a inflação do
período de novembro a dezembro? Porque o INPC, de uma certa forma, ainda não
foi projetado. Essa diferença como o Governo vai pagar? E, se isso for
aprovado, extingue-se a bimestralidade? Onde está o discurso do Governo, que na
campanha prometeu, inclusive em jornal, como o Ver. Raul acabou de ler aqui,
para toda a sociedade que iria manter a bimestralidade?
Eu
acredito que o Governo Municipal, infelizmente, adota uma política também de
privatização, porque, com a idéia de aprovar aqui as PPPs, acabou atingindo
profundamente alguns órgãos que são fundamentais, como, por exemplo, a Carris,
cujo presidente, recentemente, numa “canetada” só, demitiu catorze servidores,
oito por justa causa. E disse que, na
sexta-feira, estaria demitindo mais trinta servidores e que, num prazo curto,
mais duzentos servidores. O Governo tem que dizer para nós o que ele realmente
vai fazer, porque ele prometeu uma coisa... Ele disse que iria manter o OP, mas
o descaracterizou, tanto é verdade que muitas das demandas aprovadas, como o
PI, não constam na Lei Orçamentária, o que os senhores e as senhoras vão
verificar na próxima semana.
O discurso é muito fácil. Dá a impressão
de que os políticos perdem a credibilidade exatamente porque vendem uma idéia
como se aquilo fosse um sonho, acabam contemplando a realização do eleitor,
mas, depois, chegam aqui e mudam completamente, e passa por assim mesmo! Passa
por assim mesmo!
Eu queria
saber, então, do PDT, onde está a posição de manter a coerência do nosso
Deputado Federal Alceu Collares, que diz que é o “pai da criança”, que
instituiu a bimestralidade em Porto Alegre, e agora o PDT vai votar contra a
bimestralidade. Isso não é uma incoerência também?
(Manifestações
nas galerias.)
Lida a Emenda, não constam
Vereadores inscritos. Eu vou solicitar aos Srs. Vereadores que façam as
inscrições com a devida antecedência, senão, eu vou encerrar.
O
SR. ADELI SELL:
Vereador, V. Exª me desculpe, mas eu passei na Mesa e pedi a inscrição.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Vossa Excelência não pediu inscrição, Vereador! Eu vou lhe dar a palavra. Vossa
Excelência tem a palavra! Passou na Mesa, é verdade, mas não pediu inscrição.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, V. Exª tem o
microfone aberto e, quando quiser, pode falar esse tipo de coisa. Vossa
Excelência é um Vereador como eu e vai me respeitar, porque eu passei na Mesa e
pedi inscrição.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. ADELI SELL: Convenhamos,
isso aqui não é a “casa da mãe Joana”.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. ADELI SELL: Não é a
primeira vez que o Vereador-Presidente da Câmara tem uma birra comigo, passou o
ano inteiro me torpedeando na Comissão de Educação, negando espaços públicos
dentro da Câmara. Esse teatro aqui do lado está fechado; sexta-feira, de manhã,
eu tinha uma atividade da Comissão de Educação, e o Presidente negou que eu
usasse o teatro da Câmara. Depois diz que eu não me inscrevo. Pode ficar bravo,
Dr. Elói, mas V. Exª vai ter que ouvir. Nós estamos aqui democraticamente,
temos o direito de falar e de nos inscrevermos, foi o que eu fiz.
Na intervenção inicial, eu dizia que, inclusive,
desde o início deste ano, nós tentamos colaborar com a Prefeitura sobre a
questão da arrecadação. Eu sou autor de um conjunto de proposições que fizeram
com que nós cobrássemos tributos de setores que não pagavam tributos em Porto
Alegre. Vou dar um exemplo: os flats e os apart-hotéis, quando aqui
se instalaram, pagavam sobre 15% da taxa de administração. A nossa lei, que
disseram que iam considerar inconstitucional, não consideraram, trouxe uma
arrecadação fenomenal para a cidade de Porto Alegre, não é o único caso. Eu
tenho levantado um conjunto de setores que hoje burlam a arrecadação da Cidade.
Portanto nós não fazemos oposição por oposição, nós temos como maneira de
trabalhar ser essencialmente propositivos, ajudar, colaborar e tentar resolver
os problemas da Cidade. Lastimamos que a atual situação esteja muda, não venha
para o debate, porque sabe que tem os votos suficientes para nos derrotar.
(Palmas.)
Mas não vai ser uma derrota da Bancada do PT, do
PCdoB, do PSB, será uma
derrota do funcionalismo, será uma derrota em função da falta de diálogo entre
o Governo e os funcionários. Não se trata apenas da questão da bimestralidade,
posso citar a EPTC - os senhores e as senhoras sabem, pois são funcionários
públicos: existe uma guerra declarada entre o Dr. Senna e os funcionários. E,
quando eu falo da EPTC, a maioria dos Vereadores podem não dizer publicamente
aqui, mas nos bastidores têm a mesma opinião que tenho sobre como a EPTC está
tratando o funcionalismo, a maioria, claro que muitos aqui não falarão sobre
essa questão.
Eu
queria propor que fizéssemos um debate sobre a real situação que vive a cidade
de Porto Alegre, sobre os nossos problemas, inclusive sobre os problemas do PT,
do meu Partido, de quando eu fui Governo. Nós não podemos fugir das nossas
responsabilidades; realmente, num determinado momento, pela questão da Lei de
Responsabilidade Fiscal, nós não conseguimos honrar a bimestralidade, mas
jamais negamos no Governo e não negamos agora na oposição o direito legítimo
conquistado por uma lei, nós queremos manter essa lei, queremos ajudar o
Governo a arrecadar.
Por
que o Governo Municipal não faz uma campanha exigindo notas nos serviços que
são prestados na Cidade? Os senhores sabem qual é a maior arrecadação de Porto
Alegre? O Ver. Melo sabe. É o ISS, Imposto Sobre Serviços. Esta é a Capital dos
serviços. E eu já numerei para o Sr. Secretário um conjunto de serviços em
Porto Alegre que burla a legislação, que não paga os tributos, por isso é que
falta dinheiro. Agora, eu sou um daqueles que estarão, em qualquer momento, com
as senhoras, com os senhores, com a Câmara Municipal, com o Sr. Prefeito
Municipal, José Fogaça, seja com quem for, seja com que Partido for, os que têm
representação aqui na Câmara ou não, seja com o PSTU, com o P-SOL, por exemplo,
que não tem representação na Casa; estarei em todos os momentos lutando para o
bem do Município de Porto Alegre. Agora eu volto a dizer que a minha palavra
ninguém vai cassar. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O
Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
O
SR. CARLOS COMASSETTO: Prezado
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadores, colegas Vereadoras,
público que nos assiste, funcionários públicos municipais aqui presentes
assistindo a este debate, assistindo, melhor dizendo, a este monólogo. Eu
gostaria muito de debater com a base do Governo o contraditório, gostaria de
poder travar aqui uma discussão sobre quais são as diferenças de conceitos que
temos em relação ao Projeto do Executivo Municipal. Mas não estamos conseguindo
fazer isso, porque a base do Governo, com exceção do Ver. João Dib e do Ver.
Sebastião Melo, não se está pronunciando sobre o tema. Aí se torna um monólogo,
Ver. Sebenelo. Nós queremos debater, queremos ver quais são as diferenças,
queremos explicitá-las publicamente.
Dito
isso, nós estamos aqui hoje votando um Projeto de Lei que é uma nova política
para o funcionalismo público municipal, e a base do Governo e o Governo dizem
que é uma política emergencial, não está correto isso. Para fazer uma política
emergencial de reposição salarial, não precisa de Projeto de Lei, basta fazer a
reposição nas normas da legislação atual. O primeiro ponto é esse.
O
segundo ponto: as incoerências políticas que encontramos neste Projeto, Ver.
Paulo Odone, sobre a bimestralidade. Quero discutir aqui um pouco a questão da
bimestralidade: quando ela foi criada? Onde ela foi criada? E por quem foi
criada? Verª Neuza Canabarro, o Deputado Alceu de Deus Collares assume a
paternidade, diz que foi o criador da bimestralidade na Administração Pública
de Porto Alegre quando foi Prefeito. (Palmas.) Será que a mesma base do Sr.
Deputado Alceu de Deus Collares vai derrubar essa política da bimestralidade?
Queremos saber essa posição. Primeiro ponto da incoerência política é esse que
identificamos. Queremos debater, diga que eu não estou correto nessas
afirmações. Esse é o debate fraterno que temos de fazer com o contraditório.
A terceira questão: a
política oferecida de terminar com a bimestralidade e oferecer a anuidade é um
retrocesso sob o ponto de vista das conquistas. E a legislação é muito clara
quando diz que não pode haver retrocesso na política salarial. Conquistas são
conquistas. Portanto o Ver. Raul Carrion tem razão absoluta aqui! Ganha-se na
Justiça, se for aplicada a derrubada da bimestralidade.
A quarta questão
importante: oferecer 4,52% e não reconhecer as perdas que são de 18,9%... Isso
não é dialogar e construir política salarial de reposição! Isso é impor uma
política salarial de reposição com um índice muito aquém das perdas
oficialmente estabelecidas, com a possibilidade de uma reposição inferior!
Agora, está bem, reposição anual. Eu pergunto: qual é o índice que vai indexar
essa reposição? O Projeto de Lei aí apresentado não traz nenhum índice que
possa indexar o reajuste salarial. Esse é um Projeto também falho. Ao mesmo
tempo, senhores e senhoras, o Governo está estudando, está dizendo que vai
mudar o índice do reajuste do IPTU, do IGP-M para o IPCA, que dá maior
arrecadação! Por que não propõe o mesmo índice para o reajuste salarial do
funcionalismo, o IPCA? Quero saber a resposta! Essa também é uma incoerência
política! Além disso, se as reposições têm que ser feitas, e hoje a folha de
pagamento com o funcionalismo compromete em torno de 48,7% a Receita
arrecadada, por que não repor até os limites que a Lei de Responsabilidade
Fiscal estabelece? Ou seja, nós podemos chegar a 51,3% ou a 54%?! É outra
incoerência política! Quero que a base do Governo venha aqui debater conosco
para que possamos entender a política apresentada pelo Sr. Prefeito Municipal,
que é carregada de incoerências políticas, o que é comprovado pelas suas frases
que estão ali no plenário!
Portanto, funcionários
públicos municipais, Sr. Presidente, votaremos contrariamente a esta lei porque
ela significa um retrocesso na política de Porto Alegre, que tem uma das
políticas mais avançadas deste País no que se refere ao seu funcionalismo
público! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra
para discutir o PLE nº 023/05.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, é verdade que isto está se tornando um
monólogo... Não está se tornando apenas um monólogo, está se tornando
repetitivo, mas não por responsabilidade dos Vereadores que vêm e se
manifestam, mas, sim, por parte dos Vereadores que não se manifestam, que não
defendem aquilo em que vão votar! Será que não defendem porque não acreditam no
que vão votar? Será que não defendem porque não têm coragem de sustentar as
suas opiniões? Eu acho que nós temos de ter franqueza com relação às nossas
opiniões, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, temos de dar o peito a bater se
acreditamos que isso que estamos fazendo é o melhor para o Município de Porto
Alegre!
A Srª Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Verª Manuela, nós ficamos dezesseis anos aqui, como Frente
Popular, ouvindo as críticas dos municipários, tendo de sentar, negociar e,
muitas vezes, tivemos que, no conjunto, não votar a totalidade das suas
reivindicações! Mas nunca deixamos de nos manifestar! Nunca deixamos de estar
juntos com a categoria como estamos hoje! E essa base do Governo do Fogaça
vinha para a tribuna e tripudiava em cima das nossas dores e da nossa luta! Em
respeito a essa categoria é que nós hoje estamos mantendo a nossa convicção e a
nossa ideologia. Obrigada.
A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Obrigada, Verª Maristela. Eu acho que
este Projeto de Lei, Sr. Presidente, demonstra claramente duas características
do Governo Municipal: a primeira delas é o desrespeito para com esta Casa! A
segunda é a sua picardia, porque associa os 4,51%, essa espécie de esmola que
tenta dar ao funcionalismo municipal, ao fim da bimestralidade! E nós,
Vereadores, teremos de votar ou contra o reajuste bimestral ou a favor dos
4,51% de reajuste. Esse é o lado da suposta picardia do Governo Municipal. Há
desrespeito para com esta Casa, porque, como a Procuradoria diz, este Projeto
não está legal e regimental, Ver. Dib. Só que eles enviam uma Mensagem
Retificativa para incluir os pensionistas, mas não corrigem o erro central do
Projeto! Esse erro, tenho convicção, vai levar a muitas ações individuais e
coletivas, porque esses funcionários vão mover ações contra a Prefeitura de
Porto Alegre se for aprovada esta lei! Porque, se for aprovada esta lei,
senhores municipários e senhoras municipárias, não será aprovada uma lei real!
Não será aprovada uma lei legal! Vejam a contradição que o Governo traz a
Vossas Senhorias!
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar a presença do Sr. Ricardo Franzoi, Diretor do
DIEESE. O DIEESE está fazendo cinqüenta anos. Receba o DIEESE, pelo seu Diretor
Ricardo Franzoi, as nossas saudações, a saudação da Casa.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05, por
cedência de tempo do Ver. Ibsen Pinheiro.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, em respeito ao debate colocado
aqui pela Frente Popular, eu retorno a esta tribuna. Eu retorno à tribuna,
porque não posso aceitar colocações, discursos e práticas completamente
contraditórias. E eu vou falar de algumas coisas.
Por
exemplo, Verª Manuela, V. Exª está dizendo, junto com a Verª Sofia, que o
Governo está acabando com a bimestralidade. Não, o Governo de V. Exª é que
acabou com a bimestralidade, porque desde maio de 2003 não a pagou. Vossa
Excelência é da base do Governo Federal, Governo da “banqueirada”, que deu 0,1%
de aumento neste ano aos funcionários. E sobre isso V. Exª silencia de forma
sepulcral.
Vossa
Excelência pertence à Frente Popular, que não cobrou dos banqueiros desta
Cidade, Ver. Adeli, por isso falta dinheiro, porque os senhores cobraram dos
pobres, mas não cobraram dos ricos. E, aí, eu quero falar de discurso e
prática, Vereador: prática da situação e discurso da oposição. Sr.
Presidente, sobre os 175 milhões de reais: por que não contestam, nesta
tribuna, que este Governo assumiu com um déficit de 175 milhões deixados pela
Administração anterior?
Agora, Sr.
Presidente, este Governo não vai fazer como o anterior, que deixou de pagar; o
Governo anterior não pagou e acumulou 18,52% de perda aos servidores. Os
senhores querem que os servidores continuem não recebendo a reposição? Claro
que não! Nós, com muita responsabilidade, com muita tranqüilidade, não vamos
nos silenciar, não. Quero dizer, senhores servidores, que eu sou de uma cepa de
ir para a esquina democrática, subir num caixote para derrubar a ditadura.
Portanto, não são meia dúzia de companheiros que não têm educação que vão fazer
eu silenciar, não. Aliás, os senhores estão sendo muito mal-educados. Os
senhores não defendem a democracia dessa forma. Muito dos senhores que estão aí
lutaram muito para não ter Parlamento, para esta Casa não estar aberta, é isso
que os senhores pensam. Nós somos de uma outra cepa, nós enfrentamos aqui com
lealdade a oposição e, agora, respeitamos a posição da oposição, e acho que
Casa que não tem debate, desculpem-me, não é Casa Legislativa. O que os
senhores querem é que o Governo não tenha oportunidade de se pronunciar. É isso
que os senhores querem? É isso que os senhores defendem? Que só um lado se
pronuncie? Não. Por isso nós queremos dizer, com muita tranqüilidade, Ver.
Professor Garcia, voltamos a dizer: não é um Projeto acabado, é um Projeto pelo
chão.
E quero sinalizar que o Sr. Tarso Genro, Verª
Neuza, foi à Justiça para tirar o índice do DIEESE para passar para o IGP-M, no
Governo dele. Quero dizer que o Governo do Olívio tentou não cumprir a lei
deixada pelo Governador Collares, e agora vem aqui fazer essas provocações.
Então, aceito o debate, Verª Manuela,
aceito o debate, Verª Sofia, com muita tranqüilidade, para dizer que este
debate, com certeza, se ele for amadurecido, quem vai ganhar é a Cidade.
Portanto, estamos tranqüilos, muito firmes em sustentar a posição do Projeto do
Governo. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, apenas um comunicado à Casa. O Ver. Bernardino Vendruscolo passou
mal na ante-sala da Câmara, foi ao Hospital Mãe de Deus e está medicado. Eu
gostaria de fazer substituição, infelizmente o Regimento não permite, segundo
informação da Diretoria Legislativa. Então, comunico que ele está no Hospital
Mãe de Deus, graças a Deus, passando bem e sendo medicado.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Pode
fazer substituição, sim. Não há nenhum impedimento. Com o atestado médico,
faz-se a substituição.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Então,
procederemos dessa forma.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Agradeço
a Vossa Excelência.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
Eu
solicito às galerias que façam silêncio. Senhores funcionários e senhoras
funcionárias, há um Vereador na tribuna que está com a palavra.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, antes de mais nada, quero dizer que me foi entregue um documento para
que eu fizesse a leitura. Eu a faria de boa vontade, mas não conseguiria
fazê-la nem em dez minutos; vou tentar que seja anexada ao Processo.
De qualquer forma,
gostaria de dizer que foi lida aqui uma declaração deste Vereador dizendo-se,
naquela época, favorável à bimestralidade. Eu sou um homem de posições
definidas, claras e, quando o Prefeito João Verle cortou a bimestralidade, em
2003, eu provei isso nesta tribuna e distribuí cópias a todas as entidades dos
servidores, mostrando com números e dados da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre que ele poderia ter pago a bimestralidade, fato que se confirmou quando
assumi a Prefeitura por dez ou doze vezes em 2003. E o Tribunal de Contas me
deu o extrato de aprovação das Contas daquele ano, dizendo que em momento
nenhum a Prefeitura atingiu o índice prudencial, portanto nunca foi intimada,
nunca foi chamada a atenção, poderia ter pago a bimestralidade, sim.
Foi lido aqui que eu
disse que era favorável à bimestralidade. Tanto é verdade que eu mantive o
pagamento da bimestralidade na Casa do Povo de Porto Alegre. Mantive. E ninguém
discutiu comigo, mas a Câmara também não discutiu com o Prefeito. Devo dizer
isso.
A bimestralidade
existe, sim, na Lei Complementar nº 186, mas eu tenho dados de que ela foi
declarada inconstitucional aqui no Rio Grande do Sul, não sei se isso foi
mantido no Supremo, mas o volume que me foi dado, publicado pela Câmara, diz
com todas as letras que ela é inconstitucional, não fui eu quem disse.
Quero também lembrar
que tivemos a Lei do Dr. Collares por muito tempo, mas eu preciso dizer que em
julho de 1991 o Prefeito Olívio Dutra retroagiu uma lei que modificava a lei
anterior e tomou, de dentro do bolso dos municipários, 30% do seu poder
aquisitivo; eu preciso dizer que o Prefeito Tarso Genro retroagiu uma Liminar
do dia 23 de maio de 1995 e tomou, de dentro do bolso dos municipários, aquilo
que já era conquistado, 7,8%, e trocou o índice do DIEESE pelo IGP-M, porque o
IGP-M era menor que o DIEESE; eu preciso dizer que o Dr. João Verle não pagou
porque não quis a bimestralidade de 2003.
(Manifestações nas galerias.)
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu não estou pedindo nada aos senhores. Eu quero
deixar esclarecido. Gostaria de saber se os servidores da Prefeitura, no cheque
do mês de novembro, estariam contrariados por receber mais 17% sobre o mês de
outubro, pelo 13º salário e o salário de dezembro virem com mais 2,42% e pelo
mês de janeiro ter 4,51% sobre outubro. Eu acho que não! O que nós queríamos -
e eu sou servidor municipal - é que se colocasse um índice. Não está colocado
na lei. Fizemos uma Emenda nesse sentido, para que se possa cobrar do Prefeito,
porque palavra vale mais do que lei, muitas vezes! Palavra vale mais do que
lei, muitas vezes!
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
JOÃO ANTONIO DIB: Eu não estou me fixando lá! Eu estou me fixando no
documento que está assinado pelo Prefeito desta Cidade, já fixando os índices
do IPCA para 2006, 2007 e 2008! Está ali no Orçamento! É uma reiteração da sua
colocação na LDO e no Plano Plurianual enviado a esta Casa! Eu não posso
entender que os municipários não queiram receber!
E
eu sei que tem que aumentar o vale-alimentação, também está sendo providenciado
isso. Mas parece que nós não discutimos a coisa com tranqüilidade! Nós temos
passionalismo! Aqueles mesmos Vereadores que vêm aqui não vieram nenhuma vez
defender quando o Prefeito Olívio Dutra cortou, quando o Prefeito Tarso
Fernando cortou, quando o Prefeito João Verle cortou; não vieram defender os
municipários.
Portanto, quero dizer que
nós temos, sim, todas as condições de exigir depois aquilo que está documentado
no Orçamento deste ano; eu não trouxe todas as coisas para ler, porque eu
leria, se pudesse, para mostrar que há intenção de garantir uma política
salarial condigna! Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para discutir o PLE nº 023/05.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero, primeiro,
fazer uma retrospectiva. Desde maio de 2005, portanto há trinta meses, não é concedida
mais a bimestralidade para os municipários. A primeira questão que poderíamos
perguntar é: por que não se cumpriu a bimestralidade? Tenho certeza e convicção
de que o ex-Prefeito João Verle queria dar aos municipários a bimestralidade,
mas não o fez em função da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Este Vereador foi Relator do Orçamento em 2002, 2003
e 2004, e sabemos que ultrapassou o limite prudencial, que é de 51,3%. Começou
um novo Governo; segundo informações, houve 28 reuniões com os funcionários, e,
dessas reuniões, surgiu esta proposta, que é de 2,42% retroativo a maio e de
2,9% a partir de janeiro.
O Ver. João Antonio Dib já fez o exercício, e eu
queria complementar que retroativo a maio, recebendo em dezembro, vai ser um
acréscimo de 19,36% no orçamento de cada um dos funcionários. Podemos fazer
outro exercício em relação à vinculação do IGP-M. O IGP-M deste ano, a
tendência é de 1,5...
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Seu tempo está
assegurado, Vereador. Mas encareço aos funcionários e funcionárias colaboração.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Volto a repetir
que o IGP-M deste ano vai dar 1,5% e o IPCA 5,1%. Se nós somente fizéssemos uma
simples conta matemática, teríamos um acréscimo de 3,6%. Mas sabemos que com
números podemos fazer inúmeras variáveis.
Tivemos uma outra discussão - e é a preocupação de inúmeros funcionários -
porque não está explicitada na lei a questão do IPCA. E, hoje, até discutia de
forma bastante forte com o Ribas, no sentido de ter que incluir. Qual é a
orientação que recebemos da Procuradoria do Município? É a de que não pode
estar indexado. Mas qual é a garantia? Bom, primeiro, o Ver. João Antonio Dib e
todos os Líderes das demais Bancadas da situação foram signatários que, de
forma clara... Aqui explica a reposição da perda salarial da recomposição do
valor inflacionário. No Orçamento para 2006 está de forma clara, tem de constar
o IPCA. Ora, senhoras e senhores, vai ser cobrado de todos os contribuintes de
Porto Alegre - e vocês, mesmo sendo funcionários, são contribuintes - o valor
do IPCA. Os contratos do Município com os fornecedores serão baseados no IPCA.
Eu
perguntaria se algum Vereador da base pode me ceder o tempo.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O
Ver. Nereu D’Avila inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. Professor Garcia. A
partir do término do seu tempo, V. Exª tem mais cinco minutos.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Obrigado.
Então, o que eu quero colocar é que os contratos serão pelo IPCA, assim com
todos os tributos, e o funcionalismo vai receber pelo IPCA.
Outra
coisa, também, que eu vou colocar é que, dentro de alguns dias, tão logo seja
aprovada a questão deste Projeto salarial, o Sr. Prefeito vai enviar a esta
Casa um Decreto fazendo com que o vale-refeição tenha um aumento de oito para
nove reais, conforme a solicitação dos próprios funcionários.
E
a outra questão que nós queremos colocar é que está acertado, também, que,
quando houver o dissídio, vai ser discutida a questão do índice. Agora, de
forma clara, franca e fraterna, nós sabemos da capacidade dos funcionários
públicos municipais, inclusive, foi feita uma proposta para que seja elencado
um grupo de funcionários para acompanhar a Receita do Município.
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. PROFESSOR GARCIA:
Porque os senhores...
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PROFESOR GARCIA: Porque os senhores...
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PROFESOR GARCIA: Eu volto a dizer, os senhores são aqueles
que têm as melhores condições de saber se haverá ou não um acréscimo de
Receita. Então, eu acho que isso é importante.
No
entanto, eu também quero dizer, de forma clara, que o Prefeito Fogaça quer e
vai continuar dialogando com os funcionários. Agora, há um detalhe: ele tem o
compromisso de governar para um milhão, trezentos e cinqüenta mil pessoas.
Portanto, eu quero dizer, mais uma vez...
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão suspensos os trabalhos por um
minuto.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h42min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães -
17h43min): Estão
reabertos os trabalhos.
O SR. PROFESOR GARCIA: Eu volto a insistir nesse tema. E os
funcionários sabem da insistência dos trinta meses, cada um sabe da sua
realidade, qual seja, o que significa ficar trinta meses sem receber a
bimestralidade. Eu volto a dizer que o percentual de 2,42% oferecidos,
acrescidos dos 2,09%, totalizando o percentual de 4,51%, bem como a retomada da
discussão em maio de 2006, é o que o Governo, hoje, pode oferecer. No entanto,
eu volto a dizer: o que é que preferem? Vir aqui fazer um discurso que não se
pode pagar e continuar não pagando a bimestralidade, se é esse o
entendimento...
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Sr.
Presidente, eu continuo minha fala dizendo que, quando o Prefeito João Verle
não deu a bimestralidade, era porque não tinha condições de dar, e este mesmo
movimento de gritaria eu também ouvi, porque eu fazia parte da base do Governo.
E basta pegar os meus próprios discursos em cima da mesma composição. Agora,
acho importante nos posicionarmos, trazendo de forma clara a proposta, que pode
não ser a melhor proposta, mas podem ter a certeza de que é, neste momento, a
proposta viável. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestações
nas galerias.)
O
SR. ELIAS VIDAL: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
eu pensei se deveria vir ou não a esta tribuna e concluí que seria bom vir. Eu
quero, primeiramente, na minha fala, dizer que os senhores que estão aqui nesta
Casa Legislativa fazem uma reivindicação justa, fazem uma reivindicação
honesta, dentro dos seus direitos, está certo os senhores buscarem o direito de
receber um percentual melhor, de manter a bimestralidade. Eu estou um tanto
indignado não com os senhores, eu quero fazer aqui uma fala de indignação não
aos senhores que estão assentados, que vieram nesta Casa fazer uma
reivindicação justa e honesta pelos seus direitos, eu venho aqui para
demonstrar a minha indignação à Bancada da oposição, que está fazendo um jogo
sujo.
Isso
que V. Exas, Vereadores de oposição, estão fazendo é imoral,
estão-se valendo de um movimento que está fazendo uma reivindicação justa, que
está no seu papel, no seu direito. Vossas Excelências estão-se valendo de uma
situação para fazer palanque eleitoral, e isso eu não admito, porque nenhum dos
senhores da oposição tem moral para vir a esta tribuna e se colocar ao lado
daqueles que estão sentados nas galerias! Se tivessem mantido a bimestralidade,
V. Exas. - de oposição - poderiam vir a esta tribuna, bater no peito e dizer:
“Nós cumprimos, durante o nosso tempo de Governo, a política salarial”. Vossas
Excelências não fizeram isso, V. Exas. interromperam, valeram-se da desculpa
que bateu na Lei de Responsabilidade Fiscal, e simplesmente cortaram. Então, a
minha fala é para V. Exas. e não para os senhores que estão sentados aí em cima
- estou ao lado de vocês, porque acredito que qualquer um tem o direito de
fazer as suas reivindicações.
Então,
senhores, o que não é justo é a Bancada da oposição vir aqui, de forma imoral,
fazer esse jogo sujo, porque foram V. Exas. interromperam a bimestralidade!
Vossas Excelências fizeram muitas coisas erradas durante o seu Governo. Só no
Leopoldina aumentaram o CUB de 0,5% para 1,0%, deixando trinta milhões de
rombo, uma conta e só um ponto na sua Administração. Agora, vêm a esta tribuna
como se fossem os melhores pagadores, as pessoas mais honestas, que fizeram as
coisas mais certas!? Convenhamos! Por favor, não dá para admitir V. Exas. virem
aqui! A Verª Manuela diz aqui que é esmola. O que V. Exª me diz, Vereadora,
quando, em véspera de eleição, o Sr. Prefeito Verle ofereceu apenas a diferença
de um real no vale-refeição, o qual foi de 7 reais para 8 reais, como forma de
barganha para enrolar e ganhar o voto da sociedade? Isso não foi esmola? Então,
senhores, a sociedade tem memória curta? Não lembra desses fatos?
Por
favor, eu não aceito esse tipo de coisa! Aqui está o meu protesto de
indignação, os senhores não podem vir a esta tribuna para discutir, os senhores
interromperam o pagamento da bimestralidade. No Governo de vocês, vocês acharam
uma desculpa e entregaram a Prefeitura num rombo e, agora, vêm aqui bater no
peito como se os senhores fossem os melhores em pagamento! Por favor, poupem-me
disso!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrada
a discussão do PLE nº 023/05. Em votação. (Pausa.) A Verª Sofia Cavedon está
com a palavra para encaminhar a votação do PLE nº 023/05.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Srs.
Vereadores...
O
SR. PAULO ODONE: Presidente,
conversamos com os Líderes que compõem a base do Governo, e, muito embora haja
um sentimento desagradável de frustração no processo democrático, sou obrigado
a desagravar todos os meus Pares, porque não acho nenhum gesto de covardia não
virem falar e não acho nenhum gesto de valentia virem falar contra o Projeto
nessas circunstâncias. Lembro que o que deve ser preservado é esta Casa, seu
processo democrático e o direito de crítica e de defesa que todos têm. E, como
nós sabemos que o sagrado poder do Vereador e do representante do povo é o
voto, a decisão, nós vamos renunciar e não fazer os encaminhamentos contra o
Projeto. Que isso não seja tomado como covardia; ao contrário, seja tomado como
verticalidade, porque não é a forma de se discutir, debater e votar aqui.
Presidente,
eu não sou daqueles que têm duas caras ou dois jeitos, mas quero
comunicar que vamos ouvir respeitosamente os encaminhamentos, quietos, para que
V. Exª possa concluir o processo e pôr em votação este Projeto nesta Casa.
Muito obrigado.
A SRA. MARIA CELESTE: Eu lamento que
o microfone esteja aberto para esse tipo de colocação, que deveria ser feita na
tribuna, Sr. Presidente. Se nós vamos abrir apartes desse jeito, não será
possível, pois não foi uma Questão de Ordem, nem um Requerimento. (Palmas.)
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, prezados municipários, a Bancada do Partido dos
Trabalhadores posiciona-se contrária a este Projeto com a tranqüilidade de quem
tem buscado manter a coerência. Não é, Ver. Elias Vidal, uma postura
caracterizada como a sua. Por mais que não tenha sido o nosso Partido que, no
seu período, escreveu o estatuto da bimestralidade, nós nos orgulhamos demais
por ter mantido e pago por catorze anos e quatro meses, num processo de muito
diálogo, de muita luta dos municipários, a bimestralidade. E ela não foi paga,
Ver. Sebastião Melo, nem um mês pelo Governo que assumiu, que tem
responsabilidade de governar esta Cidade.
Nós não queremos que os municipários entendam que a
sua vida é um mero marisco entre rochedo e ar, ou seja, que a sua vida está no
meio de luta político-partidária. Não é isso, não é isso! Nós sempre tivemos
muita convicção de que a bimestralidade era um direito, recompunha salário.
Éramos chamados, por outras Administrações, de loucos, e a mesma Administração
que governou este Brasil e arrochou os funcionários federais, o mesmo grupo de
Partidos que assume Porto Alegre, de novo assume já dizendo que não tem como
pagar, muito menos como manter em lei.
Mas eu quero lembrar que nós sofremos, Ver. Dib,
todos os desgastes de ter que suspender, sim, o pagamento da bimestralidade,
mas não fizemos só isso; cortamos fundo o custeio, não nomeamos mais pessoal
nenhum, com exceção da Saúde,
buscando ajustar os problemas de financiamento. Agora fomos descobrir - e quero
contar para os municipários -, para nossa surpresa, que, no ano de 2003, ano em
que o Prefeito Verle anunciou o déficit, se retiraram todos os Projetos que
estavam aqui na Câmara - dezoito - que criavam alguns cargos, que ampliavam
custos. Foram todos retirados! Por exemplo, o Projeto da FG de 2º Vice das
escolas, que estava aqui para ser criada, foi retirado. E houve uma série de
medidas: foram reduzidos em 20% ou 15% os contratos na Saúde, para ajustar a
Prefeitura. Todas as medidas para que o novo Governo pudesse voltar a governar
foram tomadas, medidas duras, remédios amargos que nos trouxeram desgaste!
O
povo de Porto Alegre e muitos municipários acreditaram na palavra do Prefeito
eleito, acreditaram que talvez este Prefeito, colocando-se como alguém que iria
honrar a bimestralidade, que iria manter o que é bom... E nós vamos cobrar
politicamente, não para fazer uma mera disputa político-partidária, mas para
cobrar o que foi votado pela Cidade, eleito pela Cidade: manter o que é bom.
Ora, a bimestralidade não é algo bom? A bimestralidade mantém os funcionários
valorizados, trabalhando com gosto, mantém a recomposição dos salários, a possibilidade
de compra dos funcionários, mantém o desenvolvimento da Cidade. Quando
suspendemos a bimestralidade, o comprometimento com pessoal estava em 52%; a
projeção deste ano, Ver. Dib, para o final do ano, é de 48,07%. O Governo
poderia dar reajuste retroativo a janeiro de 6,71% sem infringir a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Portanto, esse argumento não existe mais, ele está de
lado, não existe! A vontade política deste Governo é que está expressa aqui:
não dá reajuste porque acha que não deve dar, estabelece outra lógica. E, bem,
eu não tenho acordo com ela, porque nós conseguimos manter, junto com os
municipários, por catorze anos e quatro meses, Ver. Sebastião Melo, a
bimestralidade. Quatorze anos e quatro meses!
A SRA. SOFIA CAVEDON: Então, nós seremos coerentes, queremos
ajudar a Cidade a ter saúde financeira, mas estaremos também do lado do
funcionário, porque essa foi a coerência em todos esses anos e continuará
sendo, vamos cobrar coerência, sim, porque nós temos lado e nós não queremos
fazer do funcionário um joguete de mera política partidária.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a
palavra para encaminhar a votação do PLE nº 023/05.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e
senhores, eu ouvi mais de um Vereador da situação dizer que nós usávamos este
púlpito para fazer, segundo a palavra deles, demagogia. Eu quero dizer que só
há um poder que pode tirar a nossa voz daqui, é quando, no final do nosso
mandato, a população não quer mais. Portanto, nós sempre mantemos a lógica da
forma que nós estabelecemos, e não serão os Vereadores que ficaram dezesseis
anos tripudiando em cima da nossa situação, por serem de oposição, não vão ser
esses Vereadores que, numa forma ditatorial, que conviveram e organizaram a
ditadura militar neste País, vão calar a nossa voz!
Quero dizer ainda, senhoras e senhores,
que os Vereadores têm que entender que isso faz parte da democracia, e foi dito
aqui para ter calma! Só que a fome não espera, as contas não esperam, e quem
sofre é quem está aí, esperando desesperada e organizadamente para que não seja
tirada aquela palavra que é lei: a bimestralidade. Não é verdade, os senhores
sabem disso, que a Frente Popular disse que deixaria de pagar a bimestralidade,
lembro como se fosse hoje a dor de ver o Prefeito Verle dizer que ia ter que
interromper, naquele momento, e o desgaste que nós todos sofremos, mas jamais,
jamais, vocês ouviram qualquer um de nós, ou o Executivo da Frente Popular,
dizer que ia acabar com a bimestralidade. Não dá para compreender quando, no
Plurianual, mandado pelo Executivo, se falou em nove bilhões e pouco de reais
para os quatro anos, sem falar das isenções, dos projetos que mandaram para cá,
das isenções que estão fazendo e que não previram agora no Orçamento para 2006.
Então, senhoras e senhores, para quem
está se propondo a pagar mais de cinco milhões em contratação de terceirização
para a reformulação da estrutura interna do Município, não há justificativa, e
vão fazer porque têm a maioria, mas não conseguem compreender a democracia, não
fazem o enfrentamento e aí dizem que são democráticos e não vêm para cá. Pelo
amor de Deus, Prefeito Fogaça, não tire a esperança da cidade de Porto Alegre,
porque quem constrói um trabalho qualificado são as mulheres e os homens
concursados desta Cidade, de uma forma séria, qualificada.
(Manifestações
nas galerias.)
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Não queiram - e eu já fiz crítica a isso
ao nosso Governo Federal - achar que a terceirização, porque dá menos custo, vai
poder substituir o serviço qualificado de uma categoria.
Por
fim, quero dizer ao Ver. Sebastião Melo, com toda a lealdade: se existe erro no
Governo Federal - e é verdade -, não esqueça que V. Exª faz parte da base de
sustentação e deveria dizer ao Renan Calheiros e aos outros a forma com que
eles traduzem na prática o que sempre fizeram com este País.
Por
isso, senhoras e senhores, com toda a lealdade, com toda a seriedade, de uma
Vereadora eleita pelo terceiro mandato, que não vai perder a sua coerência, que
vai votar, sim, junto com os municipários, porque acredita que um Governo sério
é aquele que preza aquilo que diz quando está disputando uma eleição, para
poder ter dignidade de andar de cabeça erguida. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para encaminhar a votação do PLE nº 023/05.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Presidente, Ver. Elói Guimarães; demais Vereadores e
Vereadoras, prezados municipários, eu queria começar com uma frase que o Ver.
Dib, da base governista, disse: “Palavra vale mais do que lei.” Eu quero que a gente olhe aquela frase
que está lá: “A bimestralidade está na lei, nós temos de cumprir e, havendo
folga do ponto de vista da Lei de Responsabilidade Fiscal, nós vamos cumprir.”
Vãs palavras! Ou seja, não é verdade; nós precisamos ir na Lei garantir o
direito. E aí quais são os dados referentes à Lei de Responsabilidade? No
último quadrimestre, Ver. Professor Garcia, o comprometimento da Receita é de
48,7%; portanto, considerando um limite mínimo, que é de 51,3%, hoje já poderia
haver um aumento, Verª Sofia, de 6,71%. Nós já saímos da fase de crise maior.
E, se considerarmos o limite de 54%, poderíamos ter um aumento de 12,33%.
Então, se as palavras valessem, teríamos um aumento muito maior.
Em
segundo lugar, Ver. Sebastião Melo, que veio aqui na tribuna, fez diabretes,
acusou a minha Líder, a Verª Manuela, eu quero dizer que o seu Partido é o
Partido do estelionato do Plano Real. O seu Partido sustentou o Governo Collor,
Governo que meteu a mão no bolso do povo, no dinheiro público. O seu Partido
foi o Partido do Governo Britto aqui, que entregou tudo, entregou a CEEE,
entregou a CRT, criou os pedágios, entregou as ferrovias, tudo. O seu Partido,
Ver. Sebastião Melo, sustentou o primeiro e o segundo Governo Fernando
Henrique, Governo mais entreguista deste País. E pior ainda, meus amigos: o
PMDB do Rio Grande do Sul, que o Ver. Sebastião Melo diz que é diferente, traiu
o candidato do seu Partido, que era o Quércia, para se abraçar com o FHC.
Portanto, Ver. Sebastião Melo, o senhor pense dez vezes antes de fazer qualquer
crítica ao Partido Comunista do Brasil.
Mas
eu quero voltar para o nosso tema e não perder mais tempo com essas posições do
Ver. Sebastião. Eu queria dizer, em relação à questão da inconstitucionalidade,
que a Casa é clara: a Lei Complementar nº 133/85, no art. 121, inciso II, prevê
reajustes de vencimentos com peridiocidade bimestral, caracterizando-se, diante
disso, conflito entre o seu preceito e o conteúdo normativo do caput do art. 1º do Projeto de Lei.
Portanto, não é este Vereador, Ver. Dib; é a Casa, através da sua Procuradoria,
que diz que este Projeto de Lei não tem fundamento.
Eu
quero ler uma decisão recente do Tribunal de Justiça do Estado, de 1º de abril
de 2004. Conclui a eminente Procuradora de Justiça Dra. Bárbara Fernandes Rosa
Cerqueira no seu Parecer como Representante do Ministério Público (Lê.): “Uma
vez tendo sido declarada a inconstitucionalidade do art. 7º da Lei nº 7.428/94 pelo
STF, não há que se falar em vinculação a índice específico de reajuste, devendo
ser aplicado o disposto no art. 6º da Lei 7.428 [...], que determina que os
reajustes sejam bimestrais...” Portanto, a decisão do Supremo, segundo o
Tribunal, de 2004, diz que continua valendo a bimestralidade, mesmo que
percamos a votação. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães):
Em votação nominal o PLE nº 023/05. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 24 votos SIM e 09 votos NÃO.
Em votação nominal, por solicitação desta
Presidência, a Mensagem Retificativa ao PLE nº 023/05. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) APROVADA por 24 votos SIM.
A SRA. MARGARETE MORAES: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, municipários
presentes, esta Emenda n° 01, assinada pelas Bancadas da Frente Popular -
Partido Comunista do Brasil, Partido Socialista Brasileiro e Partido dos
Trabalhadores -, refere-se ao artigo 8º da lei que foi aprovada. E o artigo 8ª
diz o seguinte (Lê.): “Revogam-se as Leis nº 7.428, de 12 de maio de 1994, e
7.539, de 24 de novembro de 1994.” Portanto o artigo 8º revoga definitivamente
a bimestralidade, essa conquista que tinha sido dos municipários em Porto
Alegre.
A Emenda nº 01 diz o seguinte (Lê.): “Exclui o art.
8º do PLE nº 023/05”, com a justificativa de que é preciso manter a vigência
das leis que tratam da política do reajuste bimestral aos vencimentos dos
servidores públicos municipais. Mas muito mais do que isso, ela possibilita que
as negociações do Governo com os funcionários se aprofundem, podendo chegar a
um entendimento sobre a política salarial dos servidores. A nossa posição tem
sido coerente a esta Emenda, com tudo que nós defendemos até hoje. Eu falo em
nome de todas as Bancadas.
Nós queremos fazer uma mediação para que não se
feche a possibilidade de negociação, para se manter e preservar o ambiente
democrático que deve haver nesta Casa, que deve haver entre o Executivo e o
Legislativo, os servidores e a população de Porto Alegre, ou seja, aceita-se
esse aumento como emergencial, mas não se engessa a política salarial por
quatro anos. É isso que essas Bancadas oferecem à Bancada governista, para que
dialoguem conosco e aprovem esta Emenda. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela
d’Ávila está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PLE nº
023/05.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, a idéia desta nossa Emenda, das três Bancadas, dos dez
Vereadores oposicionistas desta Casa, é justamente tentar, mesmo estando aprovada
a retirada da bimestralidade, excluir o artigo que retira a bimestralidade dos
funcionários do Projeto aprovado. Porque, se nós dissemos antes que o Governo
tentou ser esperto ao vincular o aumento à bimestralidade, esta é a alternativa
que temos, nós, Vereadores e Vereadoras, de dar esse aumento, de dar os 4,51%
aos funcionários do Município, preservando a conquista histórica desses
trabalhadores, que é a bimestralidade.
Eu ouvi há pouco uma pessoa dizer que no seu local
de trabalho não ganha bimestralidade, não é funcionário municipal, é evidente.
Nós não podemos nos pautar pelo que é rebaixado, não podemos comparar aumentos
ruins com o que é ruim. Nós temos uma situação em Porto Alegre que não é de
privilégio, que é de justiça, que é de os trabalhadores receberem, ou devem
receber, aquilo que perderam no período. E é por isso que nós, da Frente
Popular, queremos que seja excluído o art. 8° e, portanto, mantido o direito ao
reajuste bimestral aos trabalhadores, às trabalhadoras que constroem esta Cidade.
Essa é uma alternativa de preservar o diálogo,
Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. Que o Governo não tente empurrar tudo na
patrola do dia para a noite, que a gente consiga fazer com que o Fórum de
Entidades, os trabalhadores e as trabalhadoras reúnam condições e debatam com o
Governo sobre quais serão os índices de reajustes, sobre qual a freqüência do
reajuste, inclusive se tiver que ser retirada a bimestralidade. Agora,
mantém-se a bimestralidade até se encerrarem todas as negociações, todas as possibilidades,
até se ficar claro qual será a forma, se será bimestralidade, qual índice terá
essa bimestralidade, se os trabalhadores desta Cidade continuarão - não a ter
privilégios, porque esse é um termo inaceitável - a ter o seu salário justo, um
salário que dê para cumprir com as suas obrigações para com a sua família, com
as suas vidas e para sermos todos mais realizados e realizarmos uma Cidade
melhor. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação
nominal, por solicitação desta Presidência, a Emenda n° 01 ao PLE n° 023/05.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA por 9 votos SIM e21
votos NÃO.
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação a Emenda nº 02 ao PLE nº 023/05.
(Pausa.) O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação da
Emenda nº 02 ao PLE nº 023/05.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, demais Vereadores, todos
que nos acompanham aqui, reconhecemos a legitimidade da indignação de vocês. Queríamos
dizer que esta Emenda é uma Emenda também da Frente Popular, do Partido dos
Trabalhadores, do Partido Socialista Brasileiro, do Partido Comunista do
Brasil, ela substitui a expressão “serão reajustados com periodicidade anual e
data-base de reajuste em maio de cada ano” pela expressão “serão reajustados
nos termos desta lei”. Por quê? Pelo seguinte: apesar de derrotarem a Emenda nº
01, que eliminava o art. 8º, e o art. 8º acabava com a revogação das duas leis
que tratam da bimestralidade, nós entendemos que isso foi uma vitória de Pirro,
porque não alterou o Estatuto do Municipário, que é a Lei nº 133! Portanto, no
Estatuto continua constando que o aumento é bimestral! E essa é uma lei
complementar que é superior a esta que está sendo votada! Portanto, a nossa
Emenda tira a expressão que fala em reajuste anual e coloca “nos termos desta
lei”. Então, no nosso entender, ficam valendo os 4,51%, e a bimestralidade
vamos buscar lá na Justiça!! Lá no casarão! Vamos buscar lá nos compromissos de
campanha! Este é o encaminhamento. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maria Celeste está com a palavra
para encaminhar a votação da Emenda nº 02 ao PLE nº 023/05.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, lamentavelmente acabamos de aprovar aqui nesta
Casa, por meio de uma lei ordinária, algo que esta Casa não poderia ter feito,
nós mexemos no Estatuto do Servidor; o que deveria ter sido feito como lei complementar,
acabamos de aprovar como lei ordinária. Aliás, o Parecer da Procuradoria desta
Casa, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, já nos dizia que a Lei Complementar
nº 133/85, o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre,
prevê reajustes de vencimentos com periodicidade bimestral, caracterizando-se,
diante disso, conflito entre o seu preceito e o conteúdo normativo do caput do art. 1º do Projeto de Lei.
O
que diz o caput? Dispõe sobre a
política salarial dos servidores do Município. A Procuradoria desta Casa,
senhoras e senhores servidores, faz questão de citar o Dr. Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, no “Do Processo Legislativo”, que diz (Lê.): “É de se
sustentar, portanto, que a lei complementar é um tertium genus interposto,
na hierarquia dos atos normativos, entre a lei ordinária (e os atos que têm a
mesma força que esta - a lei delegada e o decreto de lei) e a Constituição (e
as suas Emendas). [...] A lei complementar só pode ser aprovada por maioria
qualificada, a maioria absoluta, para que não seja, nunca, o fruto da vontade
de uma minoria ocasionalmente em condições de fazer prevalecer a sua voz”. E
foi isso que nós aprovamos aqui, através de uma lei ordinária apenas, Ver.
Ervino Besson, e não de uma lei complementar. Temos recursos, sim, senhoras e
senhores, para ingressar na Justiça, levando em consideração a questão da
constitucionalidade desta lei que acabamos de aprovar.
Mas
eu venho aqui para ressaltar a Emenda nº 02, que diz (Lê.): “Substitui, no art.
1º do PLE nº 023/05, a expressão ‘serão reajustados com periodicidade anual e
data-base de reajuste em maio de cada ano’ pela expressão ‘serão reajustados
nos termos desta lei’”, da lei que vigora, o Estatuto do Servidor. A presente
Emenda visa compatibilizar o Projeto de Lei do Executivo com o Estatuto do
Servidor Público Municipal, uma vez que este diploma mantém a política da
bimestralidade. Objetivamos ainda incorporar as observações - aquelas que
acabei de ler, da Procuradora deste Legislativo - que alertam para a necessidade
de esta matéria tramitar em forma de Projeto de Lei Complementar, portanto
pretendendo alterar o Estatuto do Servidor Público Municipal.
Esta Emenda, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, e aqui apelo aos nobres Pares, faz com que
retornemos a nossa atenção para o gesto que acabamos de cumprir nesta Casa,
aprovando a questão de não haver mais a bimestralidade, ferindo o Estatuto do
Servidor Público Municipal por meio de uma lei ordinária. Os senhores e as
senhoras que são advogados, que clamam pela Constituição, e a Comissão de
Constituição e Justiça, que sequer teve oportunidade de fazer seu Parecer sobre
este Projeto, deveriam estar atentos para isso, para os alertas que a
Procuradoria da Casa fez. Esta lei que acabamos de aprovar, Sras. Vereadoras e
Srs. Vereadores, é inconstitucional, e esta Emenda procura preservar, procura
manter ainda aqui o caráter da Lei da Bimestralidade. Eu conclamo os nobres
Pares, Vereadores e Vereadoras desta Casa, que votem favoravelmente esta
Emenda, podendo, com esse gesto, de fato constituir o Projeto de forma técnica,
garantida a constitucionalidade deste Projeto de Lei. Obrigada, Sr. Presidente.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação nominal, por solicitação desta
Presidência, a Emenda nº 02 ao PLE nº
023/05. (Após a apuração nominal.) REJEITADA
por 09 votos SIM e 23 votos NÃO.
Em votação nominal, por solicitação desta
Presidência, a Emenda nº 03 ao PLE nº 023/05. (Após apuração nominal.) APROVADA
por 24 votos SIM.
Com
a votação das Emendas e da Mensagem Retificativa, está encerrado o processo de
votação do PLE nº 023/05.
Agradecendo
a presença de todos, encerro os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h36min.)
*
* * * *